terça-feira, 31 de março de 2015


"Arqueogoogle"

Recinto Megalítico dos Almendres (Monumento Nacional)

Em 1996 tive a sorte de ter um lampejo do "futuro" que, afinal estava mais próximo do que imaginava. Para fazer o planeamento dos trabalhos arqueológicos nos 20 000 hectares de território ameaçado pela inundação do Alqueva, a EDIA  pôs à disposição da minha equipa, um levantamento de fotografia aérea de todo o território abrangido pelo EFMA (Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva), distribuído por algumas dezenas de CD Roms, que nos permitia visualizar as áreas de trabalho no ecrã do computador graças a ortofotomapas, momocromáticos, na escala 1.2000. Como já tínhamos então um ficheiro Filemaker (compatível com uma tabela tipo Excel) com as coordenadas (M e P, da CMP-1:25000) de todos os sítios inventariados, conseguíamos identificar e visualizar com relativa facilidade e alguma nitidez, todas as estruturas que tivessem alguma expressão física no terreno. Isso permitia de imediato realizar as seguintes operações: confirmar ou corrigir as coordenadas da estrutura ou sítio em causa, determinar o seu contorno e, por fim confirmar a respectiva "altitude", para saber se estava ameaçada total ou parcialmente pela inundação. Mais tarde, com o apoio do Prof. Ribeiro da Costa da Universidade Nova (mais tarde KIRON), o "pai" do ENDOVÈLICO, começámos a instalar o SIG ambiental da EDIA que ainda hoje (com outros meios e outras tecnologias) serve de apoio á gestão das centenas de intervenções arqueológicas promovidas pela EDIA no Alentejo. Pois, tudo aquilo que só era possível porque a EDIA encomendara a uma empresa internacional do ramo, um levantamento aéreo específico que custou então alguns largos milhares de "contos", está hoje praticamente ao alcance de todos graças às ferramentas disponibilizadas universalmente por sistemas do tipo "Google". E os arqueólogos sabem disso e usam-no praticamente no dia a dia, não apenas para planeamento, mas até para prospecção. É um bom exemplo da utilidade das imagens Google, a identificação nos últimos tempos,  pelo arqueólogo António Valera, de vários "recintos de fossos" no Alentejo, completamente inéditos e praticamente imperceptíveis à superfície.
Esta reflexão vem a propósito da circunstancia de ter verificado há poucos dias, que as imagens do GoogleEarth referentes ao território de Guadalupe/ Valverde tinham sido actualizadas recentemente e, esse é o aspecto mais relevante, com uma resolução mais acurada, mesmo no que respeita a zonas rurais. Aproveito para mostrar alguns exemplos, todos referentes à minha freguesia (União de Freguesias de Nª Sº da Tourega e Nª Sª Guadalupe) que demonstram isso mesmo.

Menir dos Almendres (Imóvel de Interesse Público)

Recinto Megalítico de Vale Maria do Meio (Monumento Nacional)


Recinto Megalítico da Portela de Mogos (Imóvel de Interesse Público)

Anta Grande do Zambujeiro, Monuento Nacional (coberta por uma estrutura "provisória", instalada há 30 anos)
Anta 1 da Herdade do Barrocal (Monumento Nacional)
Castelo do Giraldo_ Atalaia medieval, com pré-existências do Calcolítico e Idade do Bronze (não classificado)

Mamôa  e Menir de Vale Rodrigo (Monumento 1 do Conjunto Megalítico de Vale Rodrigo, Monumento Nacional)


Ruínas romanas da Tourega (Imóvel de Interesse Público)





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