quinta-feira, 28 de maio de 2015

Coches e arqueólogos, seis anos depois…

Conheci vagamente as instalações militares existentes na Avenida da Índia, frente à estação de Belém, a quando do meu serviço militar em 1978, pois aí me desloquei uma ou outra vez em serviço da minha unidade de Queluz… Recordo apenas que tinham que ver com a reparação de viaturas (num escalão superior ao possível nas unidades do exército) .
Por isso resolvi ir à INTERNET pedir ajuda para as minhas memórias. No site oficial do exército encontrei logo o que procurava:

(http://www.exercito.pt/sites/OGME/Historial/Paginas/default.aspx)

O início das Oficinas Gerais de Material de Engenharia remonta ao ano de 1916 a 1 de Novembro, com outra nomenclatura, o P.A.M. Parque Automóvel Militar, instalado no prédio Militar N.º 23 de Lisboa, situado em Belém com entrada pela Av. da Índia N º 136, frente a Estação da C.P.
Convém no entanto relembrar que nesse local estiveram instaladas as Cocheiras Reais que serviam o Palácio que remonta ao reinado de D. João V.
Posteriormente o Estado tomou posse por acto de entrega pela Administração da Casa Real ao Ministério da Guerra, em 14 de Dezembro de 1885.
Era ao tempo limitado o espaço, a Norte pela Rua da Junqueira, a Sul pela antiga Rua Marginal do Tejo a Este pela Praça D. Fernando e a Leste pelo Largo da Alfândega Velha.
Com o aterro do Tejo foram aumentados os espaços e erguidos vários edifícios de uma interessante arquitectura industrial onde se realça um, em estrutura de ferro com uma área bastante vasta coberta.
Nesse local estiveram ainda instalados o Depósito de Forragens, o Picadeiro do Regimento de Cavalaria N.º 4 e o Quartel da 3ª Companhia de Administração Militar, o que lhe dá também um relevo Histórico e Militar.
O P.A.M. (Parque Automóvel Militar), surge no inicio do século XX, contemporâneo dos primeiros veículos Automóveis e tinha por finalidade proceder à reparação de Hipomóveis e Automóveis do Exército. Nascido administrativamente em 9 de Fevereiro de 1918, pela Portaria Nº 1.223. O seu Brasão em 1920 era composto por uma viatura automóvel de capota amovível, com uma chave de parafusos cruzada com um martelo.
No entanto por ordem do Ministério da Guerra, o P.A.M. é extinto em 31 de Julho de 1928, com base em razões de ordem financeira.
Surgem então as Oficinas Gerais de Material de Engenharia, (O.G.M.E.) conhecidas militar e popularmente como as Oficinas Gerais de Belém por Decreto Nº 16.629 de 19 de Março de 1929.
O seu brasão era composto por uma roda dentada, apoiada num sem-fim horizontal cortada no topo a 1/5, onde surgia uma imagem de castelo, tendo mantido no interior da roda dentada o martelo e a chave de parafusos traçadas.
Com uma área total de 16.540 m2 e uma área coberta de 12.111 m2 e cerca de 280 trabalhadores as instalações foram cedidas em 7 de Dezembro de 1994 por protocolo do Ministério da Defesa Nacional (M.D.N.) à Secretaria de Estado da Cultura.


Poderíamos acrescentar a este breve historial do sítio que após aquela data (embora se falasse na possibilidade da sua adaptação a picadeiro da escola equestre portuguesa, a funcionar no Palácio de Queluz) serviu primeiro de armazém do IPPAR e do IPM, tendo finalmente aí sido instalado em 1997, o Instituto Português de Arqueologia, criado pelo Ministro Manuel Maria Carrilho, na sequencia de todo o historial mediático ligado ao Côa. O novo Instituto, ocupou apenas o antigo edifício do Comando, com ligeiríssimas adaptações, bem como a grande nave industrial referida no texto transcrito pelo seu interesse arquitectónico. Aqui Francisco Alves, responsável pela Arqueologia Subaquática nos primeiros anos do IPA, sem necessidade de qualquer obra, tiraria partido da amplidão do espaço da antiga oficina para instalar, à vontade, todos os “seus” equipamentos, alguns de grande porte, como os tanques de tratamento para grandes objectos recolhidos nas intervenções subaquáticas. Aliás, o espaço das antigas oficinas gerais, pela sua amplidão estrutural, parecia adequar-se na perfeição ao espírito de grande informalismo e voluntarismo pragmático, que imperava no novo Instituto, que se auto intitulava de “estrutura leve e económica” (e de facto sempre o foi), orientada no essencial para o cumprimento da sua missão de “salvaguarda dos registos materiais da cultura humana contidos no subsolo”. Diga-se de passagem que a única obra de efectiva adaptação, entretanto absurdamente realizada quase nas vésperas do respectivo “despejo”, acabaria por ser para instalação da excelente Biblioteca de Arqueologia que o IPA herdara do Ministério dos Negócios Estrangeiros, após a extinção da delegação de Lisboa do DAI (Instituto Arqueológico Alemão). Como é sabido, como instituição autónoma o IPA teria curta vida, tendo sido extinto em 2007, absorvido pelo IPPAR que se transformou em IGESPAR, no âmbito do socrático processo do PRACE. No entanto, os serviços de arqueologia preventiva, de arqueologia subaquática e de apoio à investigação arqueológica manter-se-iam ainda em funcionamento nas antigas oficinas gerais. Nesse período, em concreto no segundo semestre de 2007, a pedido do meu amigo e colega João Pedro Cunha Ribeiro que fora nomeado Subdirector do IGESPAR, acompanhei de muito perto a actividade das antigas equipas do IPA ainda instaladas na Av. da Índia, onde todos os dias me deslocava vindo do Palácio da Ajuda para, na qualidade de Director de Serviços, despachar os assuntos correntes com a Jacinta Bugalhão (chefe de divisão da Arqueologia Preventiva). Por uma questão temperamental, por vezes algo conservadora, nem sempre fora um incondicional apoiante da abordagem voluntarista “tipo IPA”, que me parecia nalgumas situações poder vir a revelar-se contraproducente, mas nas longas e por vezes acaloradas sessões de despacho, ganhei respeito a muitos jovens colegas, em particular os que, quase isoladamente defendiam o património arqueológico nas recônditas “extensões” espalhadas pelo país, hoje integradas nas Direcções Regionais de Cultura. 
Manifestação frente ao nº 136 da Avenida da Índia. Á esquerda o antigo edifício de comando das Oficinas Gerais de Belém, sede do efémero IPA, entre 1997 e 2007


Mas, inevitavelmente face aos poderosos interesses instalados, era o fim de uma época tão curta como intensa… Pouco mais de um ano depois, arqueólogos e outros técnicos, alguns vindos ainda do IPPC, outros do IPPAR e do extinto IPA, juntavam-se à porta do nº136 da Avenida da Índia para protestarem contra a decisão da demolição das instalações das Oficinas Gerais para a construção no local de um novo, arquitectónicamente interessante mas desnecessário Museu dos Coches. Recorde-se que na altura outras e ainda mais graves ameaças se perfilavam no horizonte da Arqueologia. Abrindo o “jogo” a um antigo desejo do “almirantado” na reserva, o governo parecia disponível para “despejar” dos Jerónimos o centenário Museu Nacional de Arqueologia, oferecendo como alternativa não um edifício de raíz tipo “Coches” (para isso não havia dinheiro) mas uma quimérica adaptação da velha fábrica da Coordoaria, um magnifico exemplar de Arqueologia Industrial, mas decididamente impróprio para instalação de um Museu Nacional de Arqueologia. Como diz a cantiga “pra pior já basta assim”.
O Museu dos Coches, antes e depois em Ana Marques
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10204217835582248&set=a.1153046622512.2022343.1118052037&type=1&theater

Seis anos depois, a crise salvou (?) o MNA, mas infelizmente não impediu a loucura financeira do novo Museu dos Coches. Numa área em que os poucos recursos disponíveis, já mal chegam para a gestão do dia a dia, agravando-se dramaticamente o deplorável estado de conservação de monumentos e colecções públicas um pouco por todo o país, em especial fora do eixo Ajuda-Belém, a Cultura conseguiu (ou permitiu) a proeza acrescentar ainda maior e mais incontrolável despesa que, a acreditar nos insuspeitos números oficiais, jamais será coberta mesmo por um previsível aumento de receitas.
Aspectos da manifestação (arqueológica) de 18 de Março de 2009




terça-feira, 26 de maio de 2015

Pedro Alvim (1970-2015)
 
Pedro Alvim, nas sondagens dos Almendres, em Outubro 2014


Não sou a pessoa mais indicada para fazer o obituário do malogrado arqueólogo Pedro Alvim, a quem há uma semana, um fulminante ataque cardíaco roubou a vida aos 45 anos. Mas, ainda chocado pelo seu abrupto desaparecimento, não posso deixar de aqui registar tão triste evento para a Arqueologia Pré-histórica alentejana. Conheci-o pessoalmente apenas nos últimos 2 ou 3 anos, embora já estivesse familiarizado com o seu trabalho em Arqueologia, graças à excelente documentação escrita e gráfica disponibilizada no desaparecido “site” do Grupo de Estudos do Megalitismo Alentejano (GEMA), de que era um dos principais obreiros. Gostava em particular e a ela recorria quando necessário, da sua tese de mestrado de 2006, “Menires, Paisagem, Paisagens- os Almendres e a Serra de Monfurado” , certamente o trabalho mais completo sobre o Cromeleque dos Almendres e o seu contexto histórico, arqueológico e paisagístico, tema que agora se preparava para desenvolver na tese de doutoramento que iria defender proximamente na Universidade de Durhan com a orientação do Prof. Chris Scarre, um dos maiores especialistas mundiais em megalitismo. Em contrapartida, desconheço totalmente o seu percurso profissional enquanto arquitecto (foi colega de curso da minha amiga Patrícia Bruno, outra arquitecta que se aventurou pela investigação em arqueologia) e ignoro ainda mais a sua veia artístico-musical de que só agora tomei consciência graças a uma referencia da própria. 

O Pedro Alvim, começara a interessar-se há muitos anos pelos Menires do Alentejo Central, no âmbito da colaboração estabelecida com Manuel Calado, depois continuada com Leonor Rocha (que hoje mesmo se lhe refere no Blog “O Estado das Antas 
com quem colaborou em diversos projectos e escavações. Recentemente, com escassos recursos e colaboração de alguns voluntários, iniciara trabalhos “a solo”, nos Menires do Monte do Álamo em Montemor-o-Novo e nos próprios Almendres, certamente já a pensar na tese de doutoramento a realizar em Inglaterra. No Recinto Megalítico dos Almendres, procedera em Outubro do ano passado a algumas sondagens para recolha de amostras de sedimentos que pudessem datar a época da implantação dos menires através de OCL (optically stimulated luminiscense). A escolha dos menires a sondar obedecera entretanto a um trabalho prévio de indagação das circunstâncias que acompanharam não só anteriores trabalhos arqueológicos de Mário Varela Gomes e Leonor de Pina, mas sobretudo, as intervenções não arqueológicas bem mais antigas, conduzidas no sítio das Pedras Talhas, pelo proprietário da Herdade e de que existe ainda uma testemunha viva, o Ti Bento do Monte das Pedras. Sobre este tema da “historiografia do sítio”, um assunto que me interessa particularmente, chegáramos mesmo a acordar preparar em conjunto alguma coisa que assinalasse o cinquentenário da “descoberta arqueológica” dos Almendres (1964-2014). Por todas as razões a oportunidade perdeu-se...
Capa da Tese de Mestrado de Pedro Alvim, inédita

Infelizmente, sem grandes perspectivas profissionais numa área já de si difícil, o Pedro Alvim parecia deixar conduzir-se essencialmente por uma grande paixão e curiosidade por uma matéria que, passando pelo reconhecimento, estudo e entendimento das primeiras formas de "edificação", no limite se cruzava afinal com a sua própria formação de base em arquitectura. Tirando partido das suas especiais competências em matéria de registo tridimensional, com recurso às enormes possibilidades trazidas pela era do digital, o Pedro Alvim vinha procedendo a levantamentos detalhados dos menires que estudava, produzindo imagens e cartografia de nível científico mas de elevada qualidade estética. Pessoalmente, reconhecia no Pedro Alvim a garantia de que o estudo do recinto megalítico dos Almendres (ao contrário do que infelizmente sucede com a Anta Grande do Zambujeiro, ultimamente muito esquecida pela investigação) estava em excelentes mãos e que, a muito breve trecho, teríamos dados inovadores sobre a estrutura do monumento e a sua íntima relação com a paisagem envolvente, que certamente muito enriqueceriam a nossa visão sobre as comunidades que o haviam construído, contribuindo assim para a sua cada vez maior divulgação e salvaguarda. 

Pedro Cura e Pedro Alvim, nos Almendres, na Festa do Solstício de 2014
Aproxima-se mais um Solstício de Verão e  a exemplo do que sucedera o ano passado, a aldeia de Guadalupe iria de novo desafiar o Pedro Alvim para nos acompanhar em mais uma jornada de divulgação do agora monumento nacional dos Almendres, tirando partido da tradição que já começa a formar-se em torno desta celebração (será a 4ª festa megalítica do solstício de verão). Recordo, a propósito, as excelentes reações que me chegaram o ano passado, dos mais variados participantes, que me perguntavam quem era aquele “arqueólogo grisalho” que conduzira de forma simples mas muito expressiva e informada, a visita aos Almendres?  Essa maneira de estar, que quase parecia pedir desculpa por existir, era uma das características que mais me impressionava no Pedro e que é muito rara numa área, em que por vezes se peca por excesso de espalhafato…  Infelizmente, o colega grisalho não nos irá acompanhar, fisicamente, nesta visita. Não deixará, no entanto de estar presente nesta e em muitas outras ocasiões, através dos resultados das suas pesquisas que colegas e amigos não deixarão certamente de trazer a lume, se necessário com o apoio da comunidade local. Pela minha parte, enquanto membro da Assembleia de Freguesia da Tourega e Guadalupe, não deixarei de dar o contributo que tiver ao meu alcance.
Conduzindo a visita ao Cromeleque dos Almendres, na Festa do Solstício de 2014



quarta-feira, 20 de maio de 2015

PALMIRA

Apesar de previsível em face das notícias dos últimos dias, a notícia acaba de aparecer no SAPO, como um murro no estômago: os Jaidistas ocuparam ou preparam-se para ocupar PALMIRA! 

Há muito que as notícias da Síria me são particularmente dolorosas. É estranho ter recentemente visitado um país pacífico e extremamente acolhedor (eu e meia centena de "amigos do Museu Nacional de Arqueologia") e agora depararmos diariamente nos noticiários com todos aqueles nomes familiares de cidades destruídas...Como imaginar-me outra vez, perdido em Damasco ou Alepo, como há poucos anos atrás, sem problemas ou dificuldades de maior, perante as imagens de destruição que nos entram hoje casa dentro? Como será esta madrugada o amanhecer nos palmeirais que rodeiam Palmira, a cidade que a rainha Zenobia construiu no deserto, no enfiamento da rota da seda? Que lição, nós os soberbos ocidentais devemos retirar da intolerável intromissão nos problemas dos outros? A Síria, não era, pelos nossos padrões, uma "democracia"...Obviamente. Mas, ao longo dos milhares de quilómetros que percorremos em 2004, vimos uma sociedade minimamente equilibrada, pacífica, acolhedora e curiosa. Com algumas especificidades, é certo, como aquela mania de andarem sempre de cadeiras de plástico atrás, das mais variadas cores, sempre prontas para improvisados piqueniques...O que substituirá hoje as cadeiras de plástico e os chás? As bazucas dos Jaidistas, as bombas do governo ou os drones dos americanos? Pobres sírios. Pobre Palmira que hoje recordo nas fotos que desencantei na arca das viagens dos amigos do MNA.













terça-feira, 19 de maio de 2015

1994- o ano da perda da inocência da arqueologia portuguesa ?

Com este "post" alcanço o nº redondo de 100 entradas neste blog memorialista, que comecei vai quase para 9 meses, quando me libertei das funções de Director de Serviços dos Bens Culturais desta minha Direcção Regional de Cultura do Alentejo. Nem sempre é fácil manter o ritmo a que me propus inicialmente, até porque aquilo que parecia ser uma "pré-reforma" calma está, naturalmente, bem longe dessa realidade sonhada. Em todo o caso, não deixa de ser um desafio intelectual regular que me traz à memória os anos em que, com o Luis Raposo (1993-95), ambos nos obrigámos, a manter uma crónica semanal no suplemento cultural do Diário de Notícias, sobre Arqueologia e Património. Ora, tem sido a esse velho arquivo que tenho ido repescar alguns assuntos, quando a criatividade ou o tempo, não colaboram. Para esta centésima crónica, selecionei precisamente um texto de balanço sobre a Arqueologia em 1994, o ano da divulgação das descobertas rupestre do Côa e que, marcou decisivamente a evolução da arqueologia portuguesa no final do último século. Trata-se de um texto que não foi publicado n'A linguagem das Coisas (Raposo e Silva 1996), mas cujo tom, julgo eu, se coaduna com o espírito que preside a este "blog" de memórias.

(Nota: embora aguarde pela 1º aniversário do Blog, no início de Setembro, para um balanço estatístico mais desenvolvido, regista-se que o mesmo foi acedido nestes meses, umas 7 500 vezes, 25% das quais a partir de outros países, neste caso com destaque claro para os USA.  Mas Alemanha, Brasil, Espanha e Rússia também aparecem com alguma frequência. Aquele nº global parece interessante (?), mas corresponde a um dia "fraco" de acessos ao "blog" da minha nora Joana "A mãe é que sabe"... Uma curiosidade, o "post" mais acedido, foi o dedicado á memória do colega falecido Fernando Rodrigues, com perto de 300 acessos mas está quase a ser alcançado pelo texto "Da onerosidade à irracionalidade..." Só referir que a irracionalidade venceu mesmo, e a Direção Regional de Cultura está a pagar às Finanças uma elevadíssima renda pelo espaço que ocupa no edifício da Rua de Burgos em Évora...Dinheiro que obviamente retira do pouco que o OE lhe deixa para a conservação dos 40 monumentos que lhe estão afectos!)

sábado, 16 de maio de 2015

A Anta-capela de São Brissos (Nª Sªdo Livramento)


Com a anta-capela de São Dinis, no centro de Pavia, dentro do género, a anta-capela de Nª Sª do Livramento (ou de São Brissos) será uma das mais conhecidas. Para mais, a estrada municipal em que se localiza (Valverde - Escoural) é uma das rotas arqueológicas mais interessantes do Alentejo (para quem saiba...). Só que, pese embora as dezenas de vezes que lá passei, muitas vezes acompanhando colegas ou simples curiosos, falando do mistério desta perduração cultural envolvendo Milénios (e não séculos...) nunca tinha tido oportunidade de visitar o seu interior. Porque, diga-se a verdade, nunca me esforçara para tal. Desta vez a minha velha amiga Philine Kalb, a arqueóloga alemã que investiga em Portugal desde os anos setenta (depois de um começo de carreira no Afeganistão, de onde trouxe uma cadela "galgo afegão", de que tem ainda  hoje descendência...) convenceu-me a procurar a "chave", pois o grupo que eu iria acompanhar em mais uma visita à vizinha Gruta do Escoural, teria certamente interesse em apreciar o interior da "anta-capela". E além disso, como vinham de autocarro, desta vez ela não teria oportunidade de lhes ir mostrar as antas do vizinho Vale Rodrigo que escavou nos anos 90 com Martin Hock num projecto que envolveu também suecos. Lá descobri a chave no Escoural e assim visitámos o interior deste curioso monumento. O que resta da anta, alguns esteios e o "chapéu", muito bem caiados, serve de vestíbulo a um pequeníssimo altar coberto por uma pequena cúpula, dedicado à Senhora do Livramento, protectora das parturientes, um oráculo mesmo a calhar para uma "anta", o esqueleto de um antigo túmulo feito de terra e pedra, o símbolo perfeito da "mãe-terra", o útero a que se regressa no fim da vida. Bem pregavam os bispos na Idade Média contra os ancestrais cultos das pedras, das fontes ou das árvores... Afinal, ainda hoje os habitantes que restam em São Brissos, aqui repetem todos os anos uma procissão, cuja origem e significado se perde no tempo.  A este propósito, aqui retomo um texto com mais de vinte anos, publicado no Diário de Notícias e posteriormente reeditado em "A linguagem das coisas", Lusi Raposo e A.C.Silva, Europa-América, 1996, ilustrado com as fotos recolhidas esta manhã, finalmente, no interior da Anta-capela da Sra do Livramento, São Brissos, Escoural.












quarta-feira, 13 de maio de 2015

Lembrando  Celino Silva

O reconhecimento de certas coincidências poderá ter algum significado? Serão apenas meros acasos circunstanciais ou sequenciais, ou a sua percepção como tal, resultará de algo latente na nossa própria (sub)consciência? Tudo a propósito de 3 factos recentes, todos eles ligados à memória do amigo Celino Silva, desaparecido em Outubro de 2013.

O Celino Silva comigo no lançamento do livro "Escoural, Uma Gruta Pré-histórica no Alentejo", em 31 de Julho de 2011. (foto que encontrei no SITE da SPE-Sociedade Portuguesa de Espeleologia)

Facto 1.  A 14 de Abril, aproveitando uma ida a Montemor, dei uma saltada ao Castelo, onde não ia há algum tempo. Queria ver os arranjos finais do novo parque de estacionamento, das escadinhas do Quebra Costas e da calçada Conde de Valenças, todo um conjunto de obras há muito planeadas e projectadas e finalmente executadas. Aproveitei ainda para entrar no Castelo, rever as ruínas da vila medieval em escavação de grande fôlego e ainda em curso pela Manuela Pereira, colega  de uma geração bastante mais recente e finalmente visitar a Igreja de Santiago, em boa hora recuperada pela Câmara Municipal (estava transformada em "barracão de apoio à jardinagem") para nela se instalar o Centro Interpretativo do Castelo. Se no caso dos arranjos exteriores me recordei em particular do Arquitecto José Garret, saudoso colega de (tertúlia) da Comissão de Arte e Arqueologia de Évora e técnico da C.M. de Montemor responsável pelo planeamento urbano, no interior do Castelo era o Celino Silva, desaparecido em Outubro de 2013, que a cada esquina parecia vir ao meu encontro com aquele sorriso afável de quem já viveu muita coisa mas que espera ainda dar o empurrão para que as coisas não parem. E de facto, enquanto interlocutor da parte da Direcção Regional de Cultura, foi com o Celino, na qualidade de Coordenador do Projecto do Castelo, que tive tantas reuniões de trabalho no próprio Castelo. Algumas com resultados à vista de todos, como o caso da Igreja de Santiago, um exemplo de conjugação de esforços, desde a fase de projecto de arquitectura, ao restauro das magníficas pinturas descobertas em obra, até à montagem da exposição, num espaço cultural infelizmente ainda pouco divulgado. Outras, não menos interessantes, mas ainda a aguardar   concretização, como foi o caso das longas e acaloradas reuniões de trabalho com a equipa do coreógrafo Rui Horta, com vista à preparação do caderno de encargos do concurso entretanto "abortado" para a concretização no Convento da Saudação do ambicioso projecto do "Espaço do Tempo". Felizmente nem tudo se perdeu (o Rui não perdeu até a esperança de ver recuperado o Convento...), tendo sido possível fazer estudos arqueológicos dirigidos pela Manuela Pereira na cerca do convento, sondagens geológicas e até um detalhadissimo levantamento arquitectónico do Convento e das Muralhas pelo muito especial "topógrafo" Alberto Martinez.
As escavações no Castelo de Montemor-o-Novo

O centro interpretativo do Castelo, na Igreja de Santiago requalificada para o efeito (2008 ?)

A orquestra de anjos descoberta na abóbada do altar-mor de Santiago, escondida durante séculos por sucessivas camadas de cal

Facto 2. No passado dia 8 de Maio, li nas notícias,que  a CIMAC (Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central) comemorou 30 anos homenageando todos os autarcas eleitos na região após o 25 de Abril. Nessa cerimónia foram também recordados os já falecidos, tendo sido um dos momentos mais emotivos, a intervenção evocativa de Celino Silva feita pela sua própria filha. Ainda que mal tenha conhecido o Celino Silva nos seus tempos de vereador em Évora (1979-1985) sei da consulta do processo que teve um papel decisivo no apoio aos projectos de intervenção arqueológica da época, em especial no caso dos Almendres, tendo estado ligado à decisão de investimento na construção da estrada municipal que traria, décadas depois este monumento para a visibilidade mundial.
Celino Silva- foto de Fátima Moreira, publicada por Dores Correia no blog A Cinco Tons, em 6 de Outubro de 2013


Facto 3. A realização na semana passada em Montemor-o-Novo do 1º simpósio de Arqueologia Virtual. Estou certo que os seus jovens e dinâmicos organizadores concordarão na observação que vou fazer. Se há quem sentiria orgulho nesta iniciativa e no sucesso que teve, seria o Celino Silva se ainda fosse vivo. Afinal e a Manuela Pereira poderá corroborar, o Celino não sendo arqueólogo e não tendo formação de base em história ou património (era licenciado em sociologia mas já depois de se aposentar resolveu, num acto de grande dignidade e corajosa humildade, frequentar o Mestrado em Património Cultural da Universidade de Évora ) foi durante algum tempo na Câmara de Montemor, o esteio fundamental de defesa do projecto de arqueologia do Castelo perante uma autarquia que, face a outras prioridades, por vezes parecia vacilar no reconhecimento do respectivo potencial.


A reconstituição exterior do lagar medieval escavado por Manuela Pereira, no Castelo de Montemor-o-Novo (ruínas da vila medieval, intra-muros), resultado da Maratona de Arqueologia Virtual no âmbito do 1º Simpósio de Arqueologia Virtual (ver site http://montemorbase.com/noticia/obrigado-1-o-simposio-de-arqueologia-virtual/



NOTA "a posteriori". Aqui fica, para registo, o certeiro comentário da arqueóloga Manuela Pereira.

Homenagem mais que merecida, António Carlos Silva. E durante este simpósio lembrei-me muitas vezes dele. Andaria nervoso, a afagar a barba e a assegurar-se que tudo corria na perfeição. Ou como ele dizia "a olear a máquina". Sempre se debateu pela valorização dos técnicos com quem trabalhava e pelos projectos onde entrava. Apesar de por diversas vezes estarmos em desacordo aprendi muito com ele e devo-lhe muitos dos princípios que me norteiam enquanto profissional e funcionária pública. 
O Celino haveria de ter gostado de ver a adega reconstituída e sobretudo da reconstituição da Igreja Matriz de Santa Maria do Bispo. Mas haveria sobretudo de ter gostado de assistir à união daquelas pessoas que, oriundos de vários pontos do país e de Espanha, se juntaram com o objectivo comum de trabalhar o património e que, sem nada ganharem em troca, e num verdadeiro trabalho e espírito de equipa conseguiram em dois dias dar a Montemor um contributo notável para a valorização do seu património.
Foi por isto que o Celino sempre se debateu, por uma arqueologia democratizada entendível por arqueólogos, mas sobretudo pela população, porque em último caso é para ela que todos trabalhamos.


segunda-feira, 11 de maio de 2015


O Castelo de Mourão, entre a NASA e a rotunda...

A recente notícia muito divulgada nas redes sociais, a propósito de uma fotografia de astronomia obtida por Miguel Claro no Castelo de Mourão e selecionada para imagem do dia no SITE da NASA, trouxe-me à memória os anos em que trabalhei em Mourão (1996-2002)  no âmbito do projeto do Alqueva. 
Fotografia © Miguel Claro/Reserva Dark Side Alqueva
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=4557835&page=-1

Já conhecia bem o Castelo de Mourão, as suas potencialidades e problemas. Aliás, vinham ainda do tempo do meu antecessor na direcção do Serviço Regional de Arqueologia do Sul, Dr Caetano Melo Beirão, alguns ecos das destruições arqueológicas provocadas no interior do monumento, por uma precipitada obra de construção de um depósito de água municipal. Durante os anos em que colaborei com a EDIA, sempre que se falava em projectos de valorização patrimonial na área de influência directa do futuro lago, até como medida de compensação pelas perdas patrimoniais decorrentes da inundação, chamava sempre a atenção para o caso muito particular do Castelo de Mourão e das suas potencialidades. Um monumento que aliava a sua excepcional monumentalidade a um elevado nível de autenticidade, mas que por isso mesmo e em contrapartida apresentava graves problemas de conservação. Num dos documentos que então preparei, escrevi como introdução:

 O conjunto histórico-monumental conhecido por CASTELO DE MOURÃO, imóvel classificado como de “interesse público” (I.I.P.- Dec. nº 41 191, DG 162 de 18 Julho 1957) e propriedade da respectiva Câmara Municipal,  integra:

- uma cerca medieval extensa e respectiva “alcáçova”  com dominante “torre de menagem”;

- ruínas diversas da antiga vila “intra-muros”, incluindo a chamada “Casa do Governador”;

- um envolvente sistema de baluartes setecentistas em “estrela”, memória das guerras da Restauração;

- uma igreja oitocentista (Nª Sª das Candeias) integrada na própria muralha;


Por múltiplas razões, este conjunto monumental reúne valores próprios ou circunstanciais que, se devidamente aproveitados, lhe podem conferir uma importância excepcional enquanto  importante vector de desenvolvimento do turismo cultural na região de Alqueva e de melhoria da qualidade de vida em Mourão:

- alia um razoável estado de conservação das estruturas defensivas (medievais e setecentistas) a uma já rara vernaculidade historico-patrimonial, dadas as reduzidas intervenções verificadas  no Século XX, o que lhe confere elevado valor cultural no contexto dos castelos e fortificações da fronteira alentejana;

- mantém uma estreita relação com a malha urbana da Vila de Mourão, criando condições favoráveis à integração do espaço monumental na valorização da respectiva imagem urbana e permitindo, através da requalificação arquitectónica e paisagística e da introdução equilibrada de novos usos, melhorar objectivamente as condições de vida da população;

- encontra-se estrategicamente situado relativamente ao Regolfo de Alqueva, quer numa aproximação transversal (dada a sua posição central e de contraponto a Monsaraz, no eixo “Vila Nueva del Fresno/ Reguengos/ Évora) quer numa exploração longitudinal (eixo Elvas/ Mourão/ Alqueva) o que dá à situação e monumentalidade da “torre de menagem” um dominante ponto de observação sobre o “regolfo” de exploração  quase obrigatória;



- finalmente, este conjunto monumental, oferece condições objectivas excepcionais para instalação de infra-estruturas de cariz cultural com relevante impacto social, nomeadamente no âmbito histórico e artístico;

Infelizmente, por problemas vários que naturalmente mereceriam uma profunda e circunstanciada análise, nunca a Câmara de Mourão (a entidade proprietária, que o recebeu como "doação" de um antigo Presidente de Câmara cujos antepassados o haviam adquirido ao Estado no Século XIX) conseguiu concretizar quaisquer intervenções de requalificação ou valorização, mesmo nos tempos das aparentes vacas gordas em que os ministros faziam peregrinações frequentes à vizinha e então mediática Aldeia da Luz. Em contrapartida, a última vereação, talvez consciente da importância do monumento mas impotente em concretizar algo pela sua recuperação, acabou por "investir" em época de crise num inútil e ridículo  "Castelinho de Mourão", uma reprodução ao gosto do "Portugal dos Pequeninos", como decoração de uma das Rotundas na saída para Espanha.

O Castelo de Mourão no Livro das Fortalezas de Duarte d'Armas

Vistas aéreas do Castelo de Mourão e do seu complexo sistema abaluartado

O Castelo e a relação com a vila de Mourão

O "Castelinho" numa das rotundas de Mourão, na altura da foto ainda em fase de construção!


sexta-feira, 8 de maio de 2015




Memórias de infância
A aldeia do Carvalhal da Aroeira e a Serra d'Aires
Há tantos anos a morar e a trabalhar no Alentejo, a maior parte dos meus amigos e conhecidos pensam que sou alentejano. E na verdade já me sinto como tal. No entanto todas as minhas origens familiares, tanto quanto sei (nunca me interessou muito a genealogia), estão numa pequena aldeia, Carvalhal da Aroeira, nas fraldas nascentes da Serra d'Aire, a meia dúzia de quilómetros de Torres Novas. Dali saí, com 3 anos levado pelo fluxo migratório para os subúrbios de Lisboa dos anos 50, ainda antes da explosão migratória para França que ao longo dos anos 60 esvaziou quase por completo aquela e muitas outras aldeias do Centro e Norte. Mas, felizmente, não perdi logo o contacto a aldeia. Desde muito cedo que a minha mãe me levava à antiga paragem da "carreira" que havia em Sacavém, à porta da Fábrica da Louça, e me entregava aos cuidados do "condutor" (o pica bilhetes....) que me deixava algumas horas depois na paragem junto á venda do Galinha, o ponto mais próximo do Carvalhal em relação à  "estrada nova" (alcatroada...), onde algum dos numerosos tios (a minha mãe era uma das irmãs mais velhas de dez irmãos) me havia de apanhar, com burro ou a pé. Assim passei longos períodos das férias grandes, em casa da minha avó, ajudando os meus tios mais novos que ainda com ela viviam, nos trabalhos da casa (ir à água aos distantes poços públicos, tarefa hercúlea diária) ou do campo (sobretudo a apanha da uva e dos figos secos, as"passas", a principal fonte de subsistência à época), lendo os meus primeiros livros á noite, à luz do candeeiro, recolhidos na Biblioteca itinerante, e sobretudo brincando livremente pelos campos com os miúdos da mesma idade. Recordo em particular um amigo, exacatamente do meu ano, que vivia na casa ao lado da minha avó, e que viria a saber mais tarde, seria mias uma das vítimas da guerra colonial, como tantos outros que pontuam o cemitério da pequena aldeia.
Não sonhava então, longe disso, com arqueologias, nem na aldeia do Carvalhal parecem existir indícios interessantes (com excepção de hipotéticos vestígios paleolíticos nos terraços da Ribeira vizinha do Alvorão, pelo menos na avisada opinião do meu colega Francisco Almeida, com ligações à região, mas que actualmente se encontra a viver e trabalhar na Austrália) mas as férias na aldeia deram-me oportunidade de conhecer ainda a realidade do mundo rural que estava então a desaparecer muito rapidamente, com a emigração para Lisboa, a guerra colonial e finalmente a emigração massiva para a França. Alemanha, Canadá etc.... Como dizia o meu amigo Benjamim Pereira quando trabalhámos juntos nos estudos e levantamentos do Alqueva relacionados com a Aldeia da Luz e o respectivo Museu, "entre a época romana e os anos cinquenta do século XX, salvo uma ou outra tentativa de mecanização isolada, as condições de vida, os meios e os ritmos do trabalho nos campos portugueses, muito pouco haviam mudado". Daí a extraordinária importância do trabalho de levantamento e registo da equipa de Jorge Dias, em que Benjamim Pereira ainda participara, feito nos anos 50/60 no limiar do desaparecimento desse mundo. Daí a "sorte" de eu próprio ter tido ainda a experiência da aldeia sem estrada, sem eletricidade e sem água. Do colchão com palha que era preciso revolver ou mudar, do telhado sem forro, ou do chão de terra batida. Mas também das festas populares a que ninguém faltava. É verdade que não se pode ter saudades de condições de vida tão duras e por isso quando a brecha surgiu ninguém foi capaz de tapar a torrente... e hoje a aldeia, outrora cheia de vida, é hoje um conjunto de casas, por vezes apalaçadas, onde se vem dormir à noite ou nas férias de verão.
Veio tudo isto a propósito de um livro que me ofereceram, editado pela Câmara Municipal de Torres Novas em 2014, e onde fui encontrar através de algumas centenas de fotos particulares, pacientemente recolhidas por Luis Correia de Sousa, as memórias de uma aldeia desaparecida mas que ainda conheci. Foi também pretexto, para revisitar algumas das fotos que herdei dos meus pais...

O livro editado em 2014 pela CM de Torres Novas

A "carreira" dos Claras, anos 30  (pg.158)

O burro com a canga e as bilhas para ir ao poço à água (pg 109)
A escolha dos figos secos ("passas") nos tabuleiros de secagem. (pg. 105)
O amanho da terra, como na época romana....como dizia Benjamim Pereira (pg.116)
Festa com cortejo de "fogaças", a versão local dos "tabuleiros" de Tomar (pg.317)



Pg.201
Grupo de raparigas da JOC (Juventude Operária Católica) junto á Igreja do Carvalhal, no início dos anos 40. Foram obtidas na mesma altura, sem dúvida. A de cima está publicana no livro "Escrito no tempo". Esta recolhi-a nas coisas da minha mãe (em cima a última à direita, em baixo, a 2ª a partir da esquerda).


Grupo, pg 23

São numerosas as fotos de grupo publicadas no livro "Escrito no tempo", mas o autor não teve acesso a esta interessantíssima foto que herdei do meu pai (no meio do grupo, de camisola e cigarro na boca).


Fotos acrescentadas em 17 de Maio de 2018


À porta da casa do meu Tio Manuel, na Rua da Saudade (ao Cemitério do Carvalhal), com os meus primos e as minhas irmãs. Início dos anos 60.

Não me recordo do nome do "ciclista". A  foto  tem interesse porque mostra a situação inacabada da Igreja Nova nos anos 60 que, por falta de meios, assim ficou durante largos anos...


Início dos anos 60 do século XX. No "poço" de uma fazenda logoa abaixo da Igreja Nova, então ainda não concluída. Não recordo o nome do rapaz da foto (José Augusto?), um pouco mais velho do que eu mas com quei me cruzei ainda no seminário de Santarém ou Almada.