segunda-feira, 17 de novembro de 2014




Arqueologia Subaqática em Portugal- no desaparecimento de uma obreira

Em memória da Maria Luisa Blot 

A minha relação pessoal com a "Arqueologia subaquática" quase não saiu da secretária. É verdade que, nos tempos heróicos da institucionalização de uma verdadeira Arqueologia pública nos inícios dos anos 80, (criação do Departamento de Arqueologia do IPPC e Serviços Regionais de Arqueologia) sob a batuta frenética do Francisco Alves, mergulhador encartado e "pai" da nossa Arqueologia Subaquática, ainda me abalancei a fazer o curso de mergulho, organizado em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Actividades Subaquáticas, com sede ali para as Janelas Verdes. Frequentei diligentemente as aulas teóricas e não faltei às aulas práticas na velhinha piscina do Técnico. Mas aproveitando o pretexto de um intervalo demasiado longo entre as práticas de piscina e as de mar, acabei por não participar nas sessões de mergulho realizados no mar de Sesimbra, acabando aí a minha carreira de arqueólogo subaquático, bem ao contrário de outros colegas da época, como o Adolfo Silveira ou o Fernando Lourenço, que aí tiveram o baptismo das suas carreiras neste meio tão específico.

Apesar disso, o Francisco Alves não deixou de tirar partido daquilo que considerava serem as minhas outras habilidades, e a certa altura vi-me a fazer parte de uma comissão ad-hoc para os assuntos do património subaquático, através da qual me familiarizei com as complexas e específicas questões jurídicas relacionadas com o Direito do Mar e comecei a acompanhar administrativamente os primeiros projectos de Arqueologia então promovidos pelo MNA, entre eles o  projecto do" L'Océan", na Boca do Rio, Vila do Bispo (aqui ainda dei uma mãozinha de arqueólogo mas bem em terra) e o Projecto do "San Pedro de Alcantara", Peniche. Naturalmente, foi neste contexto e pela mão do Francisco, que conheci o Jean Yves Blot e a Maria Luísa Blot, um casal de investigadores que ficará indelevelmente ligado às origens e à história da arqueologia subaquátca em Portugal. Em jeito de homenagem aqui reproduzo o início de um sentido texto do próprio Jean Yves Blot que circula actualmente na NET e um artigo de jornal datado de 1993 (posteriormente publicado em colectânea com o Luis Raposo_ "A Linguagem das Coisas"), um dos meus pequenos contributos, para a defesa de um património então particularmente ameaçado por interesses  estranhos à ciência e à cultura mas que tinham grande audiência junto do SEC de então, o Dr. Santana Lopes.




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