terça-feira, 26 de julho de 2016


Ainda as "Pedras Talhas", segundo Galopim de Carvalho


Galopim de Carvalho, em Évora no dia 15 de Julho de 2016
Já anteriormente destaquei neste Blog a personalidade de Galopim de Carvalho, ver aqui
e também aqui um eborense de gema que apesar das suas origens relativamente modestas conseguiu singrar no difícil meio universitário lisboeta, com uma excepcional carreira como cientista e professor, a que soube juntar uma faceta, nem sempre fácil ou acessível a homens da sua craveira intelectual, de grande divulgador científico. Tendo da cultura e da ciência, uma visão ampla e aberta que no seu caso reconhece ter desabrochado nas ruelas da sua Évora de menino, em contacto com com as mais desvairadas gentes e profissões, acabou por se revelar também um exímio contador de histórias e memórias, registadas com reconhecida qualidade literária, em vários livros que tem vindo a publicar e cuja leitura se recomenda.















Embora já tivesse tido oportunidade de há alguns anos acompanhar Galopim de Carvalho numa sua visita à Gruta do Escoural (1994?) foi com imenso gosto que aceitei o recente convite da Câmara Municipal de Évora para o acompanhar numa pequena tertúlia pública no Pátio das Romãs, do Convento dos Remédios (15 de Julho de 2016) actividade inserida no programa de animação da recentemente renovada exposição sobre Megalitismo ali instalada.



Conhecedor do texto que Galopim de Carvalho publicara em 2013 no Blog "De rerum natura", em que nos dá conta da sua relação com o arqueólogo Leonor de Pina, seu colega de Liceu, (ver aqui), acalentava a esperança de poder explorar um pouco mais as suas recordações da época em que, já como geólogo no activo, acompanhou os eventos relacionados com o reconhecimento da ANTA GRANDE DO ZAMBUJEIRO e do CROMELEQUE DOS ALMENDRES, no distante ano de 1964. Naturalmente, já que estamos a falar de assuntos com meio século e a idade de Galopim de Carvalho também já não ajuda, apesar da vivacidade do seu testemunho, não foi possível trazer à baila novos dados que fossem além do seu anterior post no De Rerum Natura, ou do importante testemunho do próprio Leonor de Pina recolhido em 2007 por António Alegria e disponível no Boletim Cenáculo (on line no SITE do Museu de Évora). Interessava-me em particular ouvir a sua opinião de geólogo a propósito da explicação que Leonor de Pina deu para os problemas estruturais que já encontrou ao escavar a Anta Grande do Zambujeiro. Um dos grandes esteios estava tombado, desde tempos pré-históricos, para o interior da câmara e a gigantesca pedra do "chapéu" jazia, já fragmentada no interior da câmara. Tudo isto, efeito de um eventual sismo, segundo Leonor de Pina. Mas sobre esse aspecto Galopim de Carvalho já nada nos pôde adiantar uma vez que apenas se recorda da situação do chapéu, tal como hoje se encontra, removido e depositado sobre a própria mamôa. De qualquer modo aproveitámos para de novo contestar o antigo "mito", que por vezes ainda se ouve, de que o arqueólogo em causa (Leonor de Pina) teria dinamitado a grande lage do chapéu da Anta do Zambujeiro... Bem pelo contrário, Leonor de Pina, com escassos meios ainda que com o apoio de trabalhadores e meios de uma pedreira de Valverde, conseguiu retirar os blocos partidos do interior da câmara e repôr e "gatear" na sua posição original, o gigantesco esteio tombado. É verdade que a Anta do Zambujeiro, finda a sua intervenção, não ficou nas melhores condições estruturais... nem podia face aos problemas que acumulara desde a Pré-história. Mas nestes 50 anos que entretanto passaram a Arqueologia portuguesa não poderia e deveria ter feito mais pela conservação de um monumento tão singular? Mas essa é uma também já velha questão, já abordada neste blog e à qual voltaremos mais vezes...


Galopim de Carvalho, à conversa com Abílio Fernandes, antigo presidente da Câmara Municipal de Évora

A mesa da "tertúlia" no Pátio das Romãs


A visita à exposição megalítica dos Remédios


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