terça-feira, 2 de setembro de 2014

Cumpridos em Janeiro passado, 40 anos de serviço público (seis como professor de História e trinta e quatro, em vários serviços dependentes da Cultura, sempre na área do património cultural) posso considerar-me um "profissional da memória", seja lá o que isso possa hoje significar. Normalmente estaria neste momento retirado do serviço activo (ainda há pouco tempo, 36 anos seriam suficientes) mas nas actuais circunstâncias ainda terei de permanecer entre dois a três anos no posto que, por opção própria, acabo de ocupar: Técnico Superior na Direcção Regional de Cultura do Alentejo, depois de entre 1 de Março de 2011 a 31 de Agosto de 2014 (na semana passada) ocupar o respectivo lugar de Director de Serviços de Bens Culturais. Foram três anos e tal muito intensos, atravessando uma conjuntura quase dramática em termos de serviço público. Disso irei dando conta em textos e imagens que espero ir guardando neste sítio. Para já, apenas uma justificação para, ao fim de tantos anos ter finalmente aderido ao "movimento blogger". Apesar de, desde muito cedo ocupar lugares de coordenação ou de chefia, sou por  natureza muito desorganizado no que respeita a agendas, arquivos e papéis em geral (sempre tive inveja dos célebres cadernos de notas do meu colega de curso e amigo Vítor Serrão), confiando sobretudo na cabeça para estruturar ideias e preparar o trabalho. Regularmente, sentia necessidade de organizar ideias e fazer balanços e relatórios dos projectos em que me envolvia, mas raramente dava continuidade a um sistema pessoal de armazenamento das minhas memórias pessoais. Tenho ainda alguma papelada comigo mas muita coisa foi ficando sobretudo nos diferentes locais e serviços onde durante estas décadas trabalhei. E eis que de repente, liberto das funções burocráticas de direcção, dei comigo a perspectivar o que seriam estes dois anos e tal que me restam (se a saúde me deixar) antes de passar definitivamente à situação de reformado. Pareceu-me que seria importante (talvez mais para mim próprio do que para terceiros) usar um blogue como local preferencial de arquivo de lembranças, factos, documentos, enfim "memórias" do que foi esta longa viagem na minha terra que começou talvez há mais de meio século na infantil descoberta dos painéis de azulejos e embutidos do colégio jesuíta e igreja do Seminário de Santarém, para se continuar tantos e tantos sítios e ruínas depois, na contemplação das pedras talhas das margens da Ribeira de Guadalupe e de Valverde. A ver vamos, como dizia o cego, se o projecto se fica pela intenção perdendo-se mais uma vez entre as brumas das memórias ou se vai um pouco mais além, constituindo-se em repositório pessoal de lembranças de interesse mais amplo.
No Tejo, no início dos anos 70, onde fazia equipa com o Jorge Pinho Monteiro, na fotografia das gravuras rupestres do Fratel.

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