Inventários e património em Inglaterra
Passam por esta altura 20 anos da minha única viagem a Inglaterra, por sinal de cariz profissional, que me levou a Oxford para participar numa conferência do Conselho da Europa sobre os inventários e a salvaguarda do património arqueológico - Archaeological Heritage: Inventory and documentation standards in Europe, Oxford, 1995. Não fui o único português a estar presente (viajei por sorte com o meu colega Vasco Mantas, professor em Coimbra, com quem tive a oportunidade de fazer uma interessantíssima visita guiada, por ele próprio, ao British Museum...é preciso acrescentar que era a primeira vez que ele também estava no British!) mas coube-me naquele colóquio fazer a primeira apresentação internacional o programa ENDOVÉLICO que então estava a ser desenvolvido para o IPPAR pela equipa da Universidade Nova, do Prof. Ribeiro da Costa. Diga-se de passagem, que as possibilidades de articulação em SIG, previstas desde a primeira hora (não esquecer que estamos a falar de há 20 anos...), causaram logo muito boa impressão na assistência internacional.
A par da conferência e da descoberta de uma cidade universitária inglesa... foi extremamente interessante para todos os participantes o contacto com as instituições e as práticas de inventário patrimonial britânico. Sobre essa experiência escrevi meses mais tarde duas crónicas para o Diário de Notícias (Outubro de 1995) que não puderam ser incluídas na colectânea "A linguagem das coisas" (Raposo e Silva, Europa-América, 1996) e que a qui reproduzo. Na primeira dei especial destaque ao "preciosismo" britânico de salvaguarda dos vestígios materiais ligados às dolorosas memórias da II Guerra Mundial (passava então meio século sobre o seu desfecho) que só recentemente encontrou algum paralelo nacional na valorização das nossas "linhas de Torres". O enorme esforço e sacrifício em prol da salvaguarda e protecção do património cultural feito pelos profissionais do património (historiadores de arte, arqueólogos, museólogos, etc...) um pouco por toda a Europa desde o início da Guerra Civil de Espanha até ao fim da II Guerra Mundial, e a que se alude nesse artigo, constitui de facto uma fantástica saga, infelizmente pouco conhecida, que contrasta vivamente com o cenário desolador a que assistimos hoje na martirizada região do Próximo Oriente.
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