PALMIRA
Apesar de previsível em face das notícias dos últimos dias, a notícia acaba de aparecer no SAPO, como um murro no estômago: os Jaidistas ocuparam ou preparam-se para ocupar PALMIRA!
Há muito que as notícias da Síria me são particularmente dolorosas. É estranho ter recentemente visitado um país pacífico e extremamente acolhedor (eu e meia centena de "amigos do Museu Nacional de Arqueologia") e agora depararmos diariamente nos noticiários com todos aqueles nomes familiares de cidades destruídas...Como imaginar-me outra vez, perdido em Damasco ou Alepo, como há poucos anos atrás, sem problemas ou dificuldades de maior, perante as imagens de destruição que nos entram hoje casa dentro? Como será esta madrugada o amanhecer nos palmeirais que rodeiam Palmira, a cidade que a rainha Zenobia construiu no deserto, no enfiamento da rota da seda? Que lição, nós os soberbos ocidentais devemos retirar da intolerável intromissão nos problemas dos outros? A Síria, não era, pelos nossos padrões, uma "democracia"...Obviamente. Mas, ao longo dos milhares de quilómetros que percorremos em 2004, vimos uma sociedade minimamente equilibrada, pacífica, acolhedora e curiosa. Com algumas especificidades, é certo, como aquela mania de andarem sempre de cadeiras de plástico atrás, das mais variadas cores, sempre prontas para improvisados piqueniques...O que substituirá hoje as cadeiras de plástico e os chás? As bazucas dos Jaidistas, as bombas do governo ou os drones dos americanos? Pobres sírios. Pobre Palmira que hoje recordo nas fotos que desencantei na arca das viagens dos amigos do MNA.
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