quinta-feira, 16 de abril de 2015




Cromeleque do Xerez



O Cromeleque no GoogleEarth, (imagem de Setembro de 2013), comprovando a desvirtuação do projecto paisagístico

Numa página do Facebbok que julgo oficial (Câmara Municipal de Reguengos?) acompanhando uma excelente foto, recolhi o seguinte texto:

Cromeleque do Xerez

Erguido cerca de 5000 anos antes de Cristo por uma comunidade pré-histórica de agricultores e pastores, talvez num ritual de apropriação do território, o Cromeleque do Xerez foi identificado em 1969 por José Pires Gonçalves após a sua descoberta por José Cruz e Leonel Franco. O seu singular formato quadrangular desenvolve-se em torno de um menir central de cerca de 4 metros de altura, que apresenta numa das suas faces diversas covinhas em toda a sua verticalidade. Este cromeleque foi o único monumento da região a ser transferido para outro local (junto ao convento da Orada), em 2004, devido à construção da barragem de Alqueva.


Dadas as minhas antigas responsabilidades em todo o processo que envolveu a (re)escavação do local original pelo Mário Varela Gomes (1998), a respectiva publicação e posterior decisão para desmontagem e reinstalação do monumento próximo da Orada, segundo projecto do Arquitecto Daniel Monteiro, executado pela Câmara Municipal de Reguengos (2004) e financiamento da EDIA, não resisti a ler os comentários deixados na rede social, alguns bem críticos do estado actual do monumento. De facto, tendo lá passado recentemente, também verifiquei com desagrado a situação de aparente abandono de um sítio que tinha todas as condições para ser um ícone quer do rico megalitismo de Reguengos, quer do projecto arqueológico do Alqueva, fazendo o contraponto com o Museu da Luz na outra margem do Lago. É certo que a (ambiciosa) intenção original da autarquia, passava pela construção neste mesmo terreno, em articulação com a reinstalação do Cromeleque, de um grande museu de arqueologia que tirasse partido das centenas de escavações arqueológicas realizadas no âmbito do Aqueva. Tal intenção, infelizmente, não teve condições para avançar (nomeadamente financeiras), limitando-se a intenção à concretização, parcial, do excelente projecto do arquitecto Daniel Monteiro (colaborador do Arquitecto Souto Moura na obra do estádio do Braga). A situação que observei no local, é de facto algo desoladora, mas felizmente não é irreversível, carecendo essencialmente de alguma manutenção e sobretudo, de alguma disciplina no controle do acesso indiscriminado de viaturas até junto do monumento, que acontece à revelia de toda a lógica do projecto, com espaço previsto e construído para estacionamento. É certo que o acesso pedonal deveria ser feito através de uma "casa abrigo" hoje fechada (mas onde chegou a haver exposições) e que dificulta a passagem dos visitantes ao longo da interessante "alameda" de alvenaria branca que nos leva ao cromeleque. A sua substituição por um simples telheiro que exponha alguma informação e, sobretudo, o "corte físico" do acesso de viaturas ao Cromeleque, é um primeiro passo para a requalificação que se espera a autarquia possa concretizar urgentemente.

Desmontagem e transporte dos menires do Xerez em Novembro de 2001
O "anúncio" do Museu que não chegou a sair do papel...

Remontagem do Croemeleque, junto da Orada em Junho de 2004

A degradação visual da envolvente imediata do Cromeleque. O placard do "Museu" anuncia agora o "Dark Sky do Alqueva"!


Nas proximidades, uma inefável rotunda megalítica (?), tem pelo menos melhor apresentação...


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