“A mais bela máquina de viajar no tempo”
O Carlos Fabião, interessado e grande divulgador de tudo o
que diga respeito à história recente e menos recente da arqueologia portuguesa,
reencaminhou-me o PDF de um interessante artigo sobre a Anta Grande do
Zambujeiro e o Cromeleque dos Almendres, da autoria de “Mário Henriques”,
publicado em 13 de Outubro de 1967 no Diário Popular, ou seja durante as escavações
de Henrique Leonor de Pina no Zambujeiro e pouco tempo depois do reconhecimento
arqueológico do Cromeleque, graças a informação do sr. António Rebocho, então
guarda da Herdade da Mitra, (hoje polo da Universidade de Évora). Já conhecia o
artigo em questão, graças a um pacote de recortes de jornais que no final dos
anos 80, ainda como Director do Serviço Regional de Arqueologia do Sul, recebi
da parte do Dr. Quintino Lopes, antigo administrador do Hospital de Évora e
dinamizador de um grupo amador de arqueologia, conhecido como “Admiradores do
Alentejo”. Mas foi com imenso prazer que reli o interessantíssimo texto de Mário Ventura Henriques, à época
jornalista do Diário Popular. Julgo aliás que este texto e outros dentro da
mesma linha de redescoberta de um Alentejo profundo e esquecido, constarão da
colectânea “Alentejo Desencantado”, publicada em 1969 e mais tarde reeditada
pelo Círculo de Leitores. Não resisto a transcrever o final do artigo em questão:
Henrique Pina diz: “O
impacto é a nossa acção individual” Mas a verdade é que o esforço individual
quase sempre destrói o indivíduo. A anta ou o cromelech constituem o resultado
de um esforço altamente colectivizado, de uma consciência profundamente
enraizada na massa. À obra de gigantes que o homem pré-histórico ergueu no Alentejo,
o homem da nossa época responde com um trabalho de pigmeu. Ao grande exemplo de
unidade que representa o monumento megalítico opõe-se hoje o esforço idealista
do amador. Eis a contradição- resta encontrar a síntese.
Para os interessados aqui fica o texto de Mário ventura Henriques (quase...) completo.
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