quarta-feira, 27 de janeiro de 2016


Arqueologia em Évora, há um quarto de século

"Laconicum" das termas da Praça do Sertório, Évora, em curso de escavação no final dos anos 80 (Arquivo: CME)


Por mero acaso acabo de "tropeçar" com um recorte do Diário do Alentejo de 14 de Setembro de 1990, já lá vão pois mais de 25 anos. (Para os mais jovens convém lembrar que "recortes de imprensa", eram notícias escolhidas a partir dos jornais ou de fotocópias, que empresas especializadas recolhiam sobre temas específicos previamente identificados pelos clientes; a leitura e tratamento regular destes recortes era, naturalmente, uma fonte preciosa de informação, uma espécie de ronda pela "internet" da altura...)

Neste recorte, o Diário do Alentejo (não sei se na altura ainda "diário" ou já "semanário"), dava conta de uma série de projectos de Arqueologia em curso no Verão de 1990 na cidade de Évora e seus arredores. A lista é impressionante, não tanto pela quantidade, mas sobretudo pela importância dos projectos e dos sítios ou monumentos então em curso de investigação ou escavação, incluindo projectos internacionais (Colin Burguess da Universidade de Newcastle-pré-história- e Theodor Haushild do Instituto Arqueológico Alemão) e envolvendo aquela que é hoje a "nata" do património arqueológico de Évora (Cromeleque dos Almendres, Villa Romana da Tourega, Templo Romano, Termas da Praça do Sertório...). É certo que nunca se fez tanta arqueologia (preventiva) como hoje, nomeadamente no contexto das obras públicas e privadas, mas também é inegável que raramente com consequências práticas para o cidadão comum. Mas, e esse é o grande calcanhar de Aquiles da actual arqueologia, a Administração Central ou local, sobretudo nas áreas mais afectadas pela crise económica, deixou praticamente de ter iniciativa neste domínio, limitando-se a exigir a terceiros, uma atitude preventiva, importante mas por vezes frustrante porque implica afetação de recursos por parte da sociedade que, muitas vezes, seriam bem melhor empregues no estudo e valorização de tantos e tantos sítios ao abandono.





Sem comentários:

Enviar um comentário