sexta-feira, 6 de março de 2015

Menires e Televisão, uma relação já antiga


Por múltiplas razões, cénicas ou conceptuais, os menires, em particular os “recintos” ou “alinhamentos”, parecem proporcionar bons ambientes à indústria das imagens em movimento, em particular na versão televisiva. Ultimamente têm-se multiplicado as séries, dos mais variados géneros e temas, desde os policiais ingleses à ficção histórica, em particular na sua versão céltico/medieval, em que os personagens se cruzam com estruturas megalíticas, sejam estas apenas cenário estético ouambiental ou façam mesmo parte do próprio enredo. Provando que o que falta aos portugueses em meios, é muitas vezes compensado em espírito criativo (temos sido pioneiros frustrados em tantos domínios…), também neste campo nos soubemos antecipar no passado, ainda que sem grande visibilidade ou sucesso. Em 1992, numa altura em que o Cromeleque dos Almendres era ainda um ilustre desconhecido fora dos meios arqueológicos, tive oportunidade de acompanhar o realizador António Macedo, responsável por alguns filmes do novo cinema português como Domingo à Tarde (1965) ou A Promessa (1972), ou ainda o polémico As Horas de Maria (1976), numa série de filmagens ali realizadas.  O produto final, O Altar dos Holocaustos, uma série televisiva em 3 episódios, com um enredo ficcional em torno de lendas e superstições relacionadas com os menires e as antas, passou quase despercebido e foi uma das últimas obras de ficção do autor. Aliás, poucos anos depois António Macedo, desde há muito interessado no ocultismo e esoterismo, nomeadamente nas suas versões bíblicas, bem como nas suas influências na cultura e mentalidade, abandonaria o cinema para se dedicar à escrita e à divulgação destas temáticas.

Na altura, aproveitando a colaboração que estava a iniciar no suplemento Cultura do Diário de Notícias, em parceria com Luis Raposo, dei conta pública dessa experiencia. Aqui fica o seu registo, em facsimile da versão original, já que o artigo em causa, não foi publicado na colectânea “A Linguagem das Coisas- Ensaios e Crónicas de Arqueologia”, editada em 1996 pela Europa-América.


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