Menires e Televisão,
uma relação já antiga
Por múltiplas razões, cénicas ou
conceptuais, os menires, em particular os “recintos” ou “alinhamentos”, parecem
proporcionar bons ambientes à indústria das imagens em movimento, em particular na versão
televisiva. Ultimamente têm-se multiplicado as séries, dos mais variados géneros
e temas, desde os policiais ingleses à ficção histórica, em particular na sua versão céltico/medieval, em que os personagens
se cruzam com estruturas megalíticas, sejam estas apenas cenário estético ouambiental ou façam mesmo parte do próprio enredo. Provando que o que falta aos portugueses em meios, é muitas vezes compensado em espírito criativo (temos sido pioneiros frustrados em tantos domínios…),
também neste campo nos soubemos antecipar no passado, ainda que sem grande
visibilidade ou sucesso. Em 1992, numa altura em que o Cromeleque dos Almendres era ainda um
ilustre desconhecido fora dos meios arqueológicos, tive oportunidade de
acompanhar o realizador António Macedo, responsável por alguns filmes do novo
cinema português como Domingo à Tarde
(1965) ou A Promessa (1972), ou ainda
o polémico As Horas de Maria (1976),
numa série de filmagens ali realizadas. O
produto final, O Altar dos Holocaustos, uma série televisiva em 3 episódios, com um enredo ficcional em torno de lendas e superstições relacionadas com os
menires e as antas, passou quase despercebido e foi uma das últimas obras de ficção do
autor. Aliás, poucos anos depois António Macedo, desde há muito interessado
no ocultismo e esoterismo, nomeadamente nas suas versões bíblicas, bem como nas
suas influências na cultura e mentalidade, abandonaria o cinema para se dedicar
à escrita e à divulgação destas temáticas.
Na altura, aproveitando a colaboração que estava a iniciar no suplemento Cultura do
Diário de Notícias, em parceria com Luis Raposo, dei conta pública dessa experiencia. Aqui fica o seu
registo, em facsimile da versão original, já que o artigo em causa, não foi
publicado na colectânea “A Linguagem das
Coisas- Ensaios e Crónicas de Arqueologia”, editada em 1996 pela
Europa-América.
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