segunda-feira, 30 de março de 2015

 Os livros de D.Fernando de Almeida


Ao contrário de muitos colegas da minha idade, não cheguei a conhecer bem D.Fernando de Almeida (1903-1979). Assisti à sua última aula de jubilação de catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa (1973) e provavelmente cruzei-me com ele algumas vezes no Museu Nacional de Arqueologia, uma vez que a sala que ele próprio cedera para uso dos jovens do GEPP (Grupo para o Estudo do Paleolítico Português) se localizava perto do seu gabinete de Director, lugar que ocupou entre 1966 e 1973, como é sabido. Tinha a noção da sua ligação à Beira Baixa, não apenas pelo seu extraordinário trabalho como arqueólogo na Idanha-a-Velha, onde conheci mais tarde já como Director do Departamento de Arqueologia, o sr. Adelino, o seu fiel "capataz" das escavações e posterior guarda da "catedral" (que não nos deixava sequer mudar uma simples pedra de lugar, em respeito pelo senhor D.Fernando...), mas também porque numa das campanhas de salvamento da arte rupestre nos inícios dos anos 70 conheci um seu primo, director da Citroen em Castelo Branco. De facto, a Citroen Portuguesa, a título de publicidade, emprestara-nos uma viatura de serviço para os trabalhos de campo em Vila Velha de Ródão e um problema no alternador, obrigou-me (era o condutor de serviço numa altura em que ter carta aos 20 anos ainda era raro) a procurar os serviços de assistência em Castelo Branco. A minha ligação, ainda que indirecta a D.Fernando de Almeida, abriu-me todas as portas... Vem tudo isto a propósito da mesa redonda que teve lugar ontem mesmo (29 de Março de 2015) no Museu Francisco tavares Proença Júnior, comemorativo dos 30 anos da Biblioteca D.Fernando de Almeida,"Bibliotecas e História, histórias de Bibliotecas" em que participou o meu colega e amigo de longa data, João Inês Vaz. É que face àquele tema e tendo em conta o contexto, não queria deixar de dar um pequeno contributo para o assunto discutido. É sabido que após a morte de D.Fernando de Almeida (1979), julgo que por sua expressa vontade, o grosso da sua biblioteca de História de Arte, especialmente rica no que respeitava ao mundo Clássico e à Alta Idade Média, foi doada pelos seus herdeiros ao Museu de Castelo Branco, do qual Fernando de Almeida fora responsável em tempos. O que talvez seja menos conhecido e aqui fica a informação, é que alguns livros de temática mais especificamente arqueológica foram oferecidos ao Serviço Regional de Arqueologia do Sul (1980-1990), conservando-se actualmente na Biblioteca da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, entidade que de reestruturação em reestruturação, é hoje herdeira das competências daquele efémero serviço, instalado em finais de 1980 no Palácio Vimioso, cedido para o efeito pela Universidade de Évora. Era então o seu Director (1980-1988), Caetano Mello Beirão que, antes de iniciar a sua carreira de arqueólogo na zona de Ourique, exercera a profissão de advogado. Segundo consta ele terá representado, como testamenteiro, uma das filhas de D.Fernando de Almeida e teria sido por essa via que conseguiria que um lote da Biblioteca fosse oferecido ao "seu" serviço de Évora. De entre esse lote destaco algumas colecções de revistas, devidamente encadernadas e exibindo o autocolante com o ex-libris de D.Fernando de Almeida, representando o "arco romano" de Idanha-a-Velha que ele próprio reconstruíra. Nota final: como republicano e laico, não sou muito dado a usar os títulos nobiliárquicos e, sobretudo em artigos ou textos mais formais, em que cito ou refiro Fernando de Almeida, não tenho usado o "Dom". Neste caso, até por razões de algum modo sentimentalistas, abri uma excepção.
A coleção do "Arquivo de Beja"

A colecção da "Arqueologia e História" 

"Portugal Antigo e Moderno" de Pinho Leal


"O Arqueólogo Português"

Algumas raridades da Comissão Geológica de Portugal


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