sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Nova exposição no Museu de Évora


Mesmo com recursos limitadíssimos, o Museu de Évora, em especial após a sua reabertura de 2008, na sequência de profunda remodelação, tem-nos brindado regularmente com exposições de pequena ou média dimensão, de elevada qualidade museológica e de grande interesse histórico e mesmo artístico. Deste modo e apesar de alguma falta de espaço expositivo, os seus responsáveis e demais pessoal técnico, têm conseguido trazer à fruição do público interessado, todo um acervo museológico de muito diversa natureza, anteriormente nunca exposto ou há muito em reserva, recuperando-o, estudando-o e mostrando-o, cumprindo desse modo com a sua principal missão: preservar, estudar e divulgar as suas colecções. Naturalmente e dado o peso da colecção original de Frei Manuel do Cenáculo, cujo bicentenário se recorda actualmente, várias dessas exposições têm explorado as diferentes facetas do bispo coleccionador. Vem tudo isto a propósito da inauguração ontem mesmo de uma pequena mas interessantíssima exposição sobre um conjunto de paramentos que fizeram parte de uma encomenda feita em Itália, pelo Arcebispo de Évora, D. Teotónio de Bragança (1578-1602), uma figura pouco falada mas que actualmente está a concitar a atenção dos historiadores- nomeadamente Vítor Serrão que editará em breve um livro sobre a sua vida e obra- pelo seu importante papel de dinamização das artes no território eborense, em época e ambiente pós-tridentino. Para além do tratamento de conservação e restauro das peças expostas, quase todas da colecção do Museu, a exposição foi pretexto para o seu estudo histórico, enriquecido pela descoberta em arquivo do documento da respectiva "encomenda" e também para o seu estudo material, neste caso graças à preciosa colaboração do Laboratório Hercules da Universidade de Évora. Foi pois possível determinar entre outros aspectos, a natureza das diversas matérias primas usadas na sua tecelagem (prata, seda, etc...), bem como a origem dos diversos corantes empregues no seu tingimento. Um bom pretexto para uma (re)visita ao renovado Museu de Évora.



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