domingo, 25 de setembro de 2016

Comunidades e Culturas




Tiveram lugar este fim de semana as habituais Jornadas Europeias do Património, este ano sob o lema acima destacado, "Comunidades e Cultura". Transcrevemos o que no Site da DGPC se diz a este respeito:


Este tema, adotado em 2016 por um número alargado de países membros do Conselho da Europa, e também por Portugal, tem como objetivo destacar e envolver as múltiplas formas de comunidade, comunidades locais, escolares, de bairro, clubes, associações de desenvolvimento, organizações não-governamentais, sejam de caráter cultural, religioso, filosófico, científico, desportivo ou recreativo, ou outras, preocupadas e vocacionadas para o conhecimento, proteção, desenvolvimento, utilização e organização dos seus próprios ambientes culturais, nas mais variadas formas. Compreender os elos de ligação entre o património e a(s) comunidade(s) contribui para a valorização da cultura nas suas múltiplas dimensões.
Em Guadalupe/ Valverde, ao contrário do que se passou em 2015, altura em que organizámos uma visita guiada aos jardins da Mitra (Conventinho e Paço Real de Valverde que a Universidade se prepara para concessionar para "hotel de charme"!) e uma caminhada até às Ruínas Romanas da Tourega (http://pedrastalhas.blogspot.pt/2015/09/jornadas-europeias-do-patrimonio-em.html), nestas jornadas não houve qualquer actividade específica, qualquer "evento" como agora se diz. 
Pelo contrário, hoje mesmo, domingo 25 de Setembro, foi dia de Assembleia da União de Freguesias que se reuniu na antiga escola primária de Guadalupe (desactivada desde que o número de crianças se reduziu dramaticamente por estas bandas...). Inesperadamente, ou não, a reunião de hoje atraiu quase duas dezenas de assistentes. Um record em Guadalupe em que os participantes, para além dos membros da Assembleia, costumam contar-se pelos dedos de uma só mão. Afinal, talvez pelo interesse para a "comunidade" de um dos temas da Ordem de Trabalhos ("Informação sobre a negociação em curso entre a Junta de Freguesia e os proprietários do Cromeleque dos Almendres"), não se registaram faltas entre os eleitos da Assembleia e a sala estava bem composta.


A reunião de 25 de Setembro de 2016 da Assembleia da União de Freguesias de Guadalupe e Valverde
E de facto, o referido ponto da Ordem de Trabalhos acabaria por se destacar face às diversas intervenções, quer da parte dos eleitos quer da própria assistencia, mostrando que o "património" , nomeadamente o conhecido CROMELEQUE DOS ALMENDRES, começa de facto a ser uma preocupação da comunidade local. Segundo a informação disponibilizada na reunião, a Junta de Freguesia preocupada com o constante aumento de visitantes àquele monumento, sem qualquer controlo ou vigilância por parte de qualquer entidade, pública ou privada, com todos os riscos inerentes, apresentou oportunamente aos proprietários uma proposta concreta de solução. Uma vez que não parece ser do interesse dos proprietários da Herdade a exploração comercial do monumento nacional (estariam no direito de o fazer...), a Junta de Freguesia estaria na disposição de assumir a gestão e manutenção do monumento, uma vez reunidas algumas condições prévias. Infelizmente, apesar de alguma abertura inicial à proposta da Junta, actualmente as negociações parecem ter caído num impasse, perante algumas ".contrapartidas" exigidas pelos proprietários e que a Junta não está em condições de poder corresponder.
O processo não está encerrado, e também por isso a Assembleia se absteve, por agora, de tomar qualquer atitude ou iniciativa que pudesse prejudicar o diálogo ainda em curso. De qualquer maneira, a presente situação de total desregulamentação do acesso ao monumento (365 dias por ano, 24 horas por dia) começa a ser insustentável, ameaçando não apenas a sua conservação mas também a qualidade ambiental e a segurança da própria Herdade. (Hoje, um domingo de final de Setembro, já perto da hora do almoço, numa rápida ida e volta aos Almendres, contabilizei 39 viaturas, 1 autocarro de turismo e três caminhantes, o que perfaz cerca de 120 pessoas... De facto, ninguém está em condições de avançar um número concreto sobre os visitantes que passam por ano nos Almendres, mas estou certo que este já deverá rondar os 100 000. E tudo isto sem qualquer controlo ou vigilância. Uma situação que poderá acabar muito mal, um dia destes...)


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