terça-feira, 20 de outubro de 2015

PORTUGAL MEGALÍTICO

Anta da Herdade da Ordem, Avis



Havia uma velha polémica entre os arqueólogos, hoje penso que ultrapassada, sobre as vantagens e desvantagens da divulgação de dados topográficos precisos sobre sítios e monumentos arqueológicos. Argumentavam os opositores à difusão da informação de que esta era um convite aos saqueadores e utilizadores de detectores de metais. Outros porém (onde quase sempre militei) achavam que quanto mais conhecimento houvesse sobre sítios com potencial interesse arqueológico mais probabilidade haveria de estes serem objecto da curiosidade e interesse do público e portanto alvo de alguma forma de vigilância ou salvaguarda. É óbvio que não há nesta como em muitas outras matérias, princípios absolutos e haverá que caso a caso pesar os prós e os contras. Contudo, diz-nos a experiência que a ignorância (nas suas variadas modalidades...) é uma das principais causas de destruição de sítios e monumentos arqueológicos. E entre as vítimas mais comuns encontraremos certamente os "monumentos megalíticos", em particular quando o seu grau de preservação está já longe de corresponder ao estereotipo comum das grandes pedras alçadas sobrepostas por uma lage, dando-lhe aquele inconfundível ar de enorme "mesa pré-histórica". Daí que todas as iniciativas que contribuam para a sua identificação e sinalização sejam bem vindas, dificultando à partida situações como as que deparei ao longo da minha vida profissional, de muitos monumentos registados há meio século se terem desvanecido (ou "desistido", como me disse uma vez um pastor...), de outros acabados de desmantelar com os pretextos mais abstrusos e sem que as queixas presentes em tribunal tivessem consequências ("porque não eram monumentos classificados, alegando os destruidores desconhecimento do que estava em causa...").Etc... Daí que iniciativas como a do "Portugal Megalítico" (cujo LINK acima se regista) Portugal Megalítico , que conta já com duas centenas de monumentos megalíticos (antas, menires e cromeleques) referenciados com grande precisão no GoogleMaps, possam ser uma valiosa ferramenta para a salvaguarda do que resta deste vasto património pré-histórico tão característico de algumas regiões do nosso território. Apenas uma ressalva. Haverá maneira de quem quiser, ainda que de forma controlada, poder contribuir para enriquecer esta "base de dados pública"? Por mim terei todo o gosto em colaborar.

Aproveito para em anexo divulgar um texto quase com vinte anos mas que, infelizmente, continua actual...

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