"Ritual de passagem"
"Ritual de passagem
Hoje, em Évora, abraço ao amigo e companheiro, António Carlos Silva, no almoço da sua passagem à reforma. Sabe bem ver como se passou quase meio século em grande camaradagem e profunda sintonia de valores. Assim pudessem todos dizer um dia quando chegar a sua vez de fazer balanços e dedicar mais tempo aos netos."
Foi com estas simpáticas palavras que o Luis Raposo se referiu no "facebook" ao acto que, como habitualmente, assinala na generalidade dos serviços públicos ou privados, a passagem de mais um trabalhador para a aposentação, no caso a minha própria. Lá teria que ser, um dia...
Aqueles que já "passaram" por isso, terão consciência da confusão de sentimentos que nos assaltam nestes dias, uma estranha sensação "agridoce" que, conforme me avisaram entretanto, se irá diluindo com o tempo. Em todo o caso foi muito agradável ter estado com tantos colegas e amigos, uma meia centena, na maior parte os companheiros destes últimos anos na Direção Regional de Cultura do Alentejo, mas também com os que se deram ao trabalho de vir de fora e outros ainda que não estando fisicamente presentes, me enviaram mensagens de amizade. A todos os que puderam estar mas extensível a tantos outros colegas e amigos com quem partilhei este longo percurso, aqui quero deixar, neste blog de "memórias", que vou alimentando há três anos, um grande e sentido abraço.
Afinal, acabaram por me acompanhar neste "ritual", representantes de todas as grandes etapes de quase meio século de actividade profissional. E digo meio século, porque ainda antes de ter iniciado a carreira como professor na Amadora há 44 anos, já desde o primeiro ano da Faculdade (1970) participava regularmente, com o Luis Raposo e outros colegas, nas actividades de campo do GEPP.
Tive pois comigo, nesta hora de despedida, colegas do tempo da Faculdade (70-75), das escolas (1974-1980) e até dos que fizeram parte do grupo que, em 1980, Francisco Alves convidaria para a grande aventura da renovação do Museu Nacional de Arqueologia e instalação dos primeiros serviços de arqueologia da SEC: Departamento de Arqueologia do IPPC e serviços regionais de arqueologia .
Mas, naturalmente, o grosso dos presentes, era gente ligada aos "serviços alentejanos" em que tive a honra e o prazer de colaborar a partir de 1988. Primeiro do Serviço Regional de Arqueologia do Sul (de que subsistem ainda alguns colaboradores na actual DRCA); depois da extinta Direção Regional do IPPAR; também da EDIA (um intenso interregno enquanto funcionário da SEC, entre 1996 e 2002); do próprio IGESPAR/Lisboa (onde estive numa curtíssima missão em 2007) e finalmente da Direção Regional de Cultura do Alentejo, em que aconteceria aliás o meu último grande desafio enquanto dirigente da administração pública: gerir o património cultural em tempo de crise (2011-2014).
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Olá, menino!
ResponderEliminarNão soube da passagem oficial para o lado de cá da barricada, onde, acredita, acabamos por estar mais descansados (há o cansaço dos netos, mas é um cansaço bom...), porque já não há as intermináveis reuniões, os relatórios a apresentar para ontem e os projectos a concretizar em 2025!... No silêncio do teu monte, vais ter, pois, tempo para, em primeiro lugar, arrumar as memórias; depois, arrumar as 'tralhas' (eu ainda nem a meio vou e já me aposentei há mais de 10 anos!...); e... saborear a vida, com SERENIDADE! É o que te desejo, enquanto te dou, efusivamente, as boas-vindas ao Clube!