segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Documentos para a história da arqueologia alentejana no final do Século XX



Pensando no seu eventual interesse documental futuro, tenho procurado digitalizar e disponibilizar algum material que, pela sua natureza (edição informal e tiragem reduzida), não será especialmente acessível. Entre esse material destaco hoje um Plano de Conservação e Valorização do Património Arqueológico do Alentejo, elaborado e desenvolvido no contexto do Serviço Regional de Arqueologia do Sul (IPPC) ainda que, a quando da sua apresentação e divulgação em 1990, aquele serviço tivesse acabado de ser extinto (Decreto 216/1990) por Santana Lopes. Dada a sua extensão, aqui deixamos o acesso ao mesmo em PDF_  


Apesar da profunda crise que abalaria as estruturas arqueológicas a partir daquela data, coincidindo com o agitado consulado de Santana Lopes à frente da cultura (como já aqui recordámos) este documento acabaria mais tarde por servir de base a um Plano desenvolvido já no contexto do IPPAR (a partir de 1995) e que se concretizaria parcialmente já na transição do século. Este plano, que se intitulava "Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve" seria financiado por verbas do Fundo de Turismo e partia da falsa premissa de que os sítios ou monumentos a valorizar, estavam devidamente protegidos e conservados e que, portanto, era prioritário criar estruturas de recepção e interpretação (Centros Interpretativos) que os colocasse ao serviço do desenvolvimento turístico da região. Não negando a importância deste programa que permitiu entre outras coisas, proceder a aquisições de alguns monumentos que se encontravam ainda em propriedade privada (caso da Gruta do Escoural, do Castro da Cola ou do Monumento 7 de Alcalar...), o notável esforço feito na construção de "Centros Interpretativos" raramente foi acompanhado pelo indispensável investimento em conservação e restauro... O caso paradigmático é, por exemplo, a situação das Ruínas de Miróbriga, praticamente a esboroarem-se cada dia que passa, sem que seja possível concretizar as acções de restauro há muito identificadas e orçamentadas...

Nota: seria um exercício interessante, comparar os objectivos definidos no Plano de 1990 com a situação de alguns dos monumentos nele identificados. Há sítios que praticamente "desapareceram" do radar arqueológico, como a villa romana do Monte do Salvador em Campo Maior...Mas a situação mais dramática e ainda por resolver (dada a sua situação de dispersão no território e de localização em propriedade privada...) é a do "megalitismo alentejano", um património reconhecidamente excepcional, nomeadamente pelo Turismo, mas cuja salvaguarda de valorização tarda em ser devidamente enquadrado numa estratégia consequente.
Artigo no Público em15 de Fevereiro de 1995, por ocasião do anúncio do projecto dos "Itinerários Arqueológicos" promovido pelo IPPAR. A esse propósito, o jornalista Pedro Miguel Ferreira, recupera o antigo "plano" do Serviço Regional de Arqueologia do Sul, muito provavelmente através de uma cópia cedida por mim próprio em circunstâncias que não recordo.


A necessidade de "planificação" da actividade arqueológica tinha sido já uma das grandes preocupações do Departamento de Arqueologia do IPPC ao longo dos anos 80. Pelo seu interesse documental, aqui deixo a apresentação "gráfica" do "Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos de 1985", onde aparece já um capítulo específico para as acções de "conservação". De recordar aos mais jovens que à época, a grande maioria destas intervenções eram planeadas e executadas em contexto de "puro voluntariado". Estávamos ainda a uma década do aparecimento da "arqueologia empresarial"...







Capa da brochura de apresentação do programa dos "Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve e mapa associado.


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