Documentos para a história da arqueologia alentejana no final do Século XX
Pensando no seu eventual interesse documental futuro, tenho procurado digitalizar e disponibilizar algum material que, pela sua natureza (edição informal e tiragem reduzida), não será especialmente acessível. Entre esse material destaco hoje um Plano de Conservação e Valorização do Património Arqueológico do Alentejo, elaborado e desenvolvido no contexto do Serviço Regional de Arqueologia do Sul (IPPC) ainda que, a quando da sua apresentação e divulgação em 1990, aquele serviço tivesse acabado de ser extinto (Decreto 216/1990) por Santana Lopes. Dada a sua extensão, aqui deixamos o acesso ao mesmo em PDF_
Apesar da profunda crise que abalaria as estruturas arqueológicas a partir daquela data, coincidindo com o agitado consulado de Santana Lopes à frente da cultura (como já aqui recordámos) este documento acabaria mais tarde por servir de base a um Plano desenvolvido já no contexto do IPPAR (a partir de 1995) e que se concretizaria parcialmente já na transição do século. Este plano, que se intitulava "Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve" seria financiado por verbas do Fundo de Turismo e partia da falsa premissa de que os sítios ou monumentos a valorizar, estavam devidamente protegidos e conservados e que, portanto, era prioritário criar estruturas de recepção e interpretação (Centros Interpretativos) que os colocasse ao serviço do desenvolvimento turístico da região. Não negando a importância deste programa que permitiu entre outras coisas, proceder a aquisições de alguns monumentos que se encontravam ainda em propriedade privada (caso da Gruta do Escoural, do Castro da Cola ou do Monumento 7 de Alcalar...), o notável esforço feito na construção de "Centros Interpretativos" raramente foi acompanhado pelo indispensável investimento em conservação e restauro... O caso paradigmático é, por exemplo, a situação das Ruínas de Miróbriga, praticamente a esboroarem-se cada dia que passa, sem que seja possível concretizar as acções de restauro há muito identificadas e orçamentadas...
Nota: seria um exercício interessante, comparar os objectivos definidos no Plano de 1990 com a situação de alguns dos monumentos nele identificados. Há sítios que praticamente "desapareceram" do radar arqueológico, como a villa romana do Monte do Salvador em Campo Maior...Mas a situação mais dramática e ainda por resolver (dada a sua situação de dispersão no território e de localização em propriedade privada...) é a do "megalitismo alentejano", um património reconhecidamente excepcional, nomeadamente pelo Turismo, mas cuja salvaguarda de valorização tarda em ser devidamente enquadrado numa estratégia consequente.
A necessidade de "planificação" da actividade arqueológica tinha sido já uma das grandes preocupações do Departamento de Arqueologia do IPPC ao longo dos anos 80. Pelo seu interesse documental, aqui deixo a apresentação "gráfica" do "Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos de 1985", onde aparece já um capítulo específico para as acções de "conservação". De recordar aos mais jovens que à época, a grande maioria destas intervenções eram planeadas e executadas em contexto de "puro voluntariado". Estávamos ainda a uma década do aparecimento da "arqueologia empresarial"...
Capa da brochura de apresentação do programa dos "Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve e mapa associado. |
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