terça-feira, 15 de novembro de 2016

Almendres _ documentos para a história de um monumento

Foto publicada em 1974 na revista francesa "Les dossiers de l'Archéologie" (nº 4 Maio-Junho de 1974) e que documenta a situação do Cromeleque dos Almendres após os trabalhos de 1970 de Henrique Leonor de Pina
Numa altura em que dúvidas e indefinições se adensam relativamente ao futuro deste monumento, actualmente um dos sítios arqueológicos mais visitado no Alentejo, aqui iremos divulgando alguns documentos que nos contam a sua atribulada história, desde que há pouco mais de meio século (1964) Henrique Leonor de Pina, guiado pelo guarda da Mitra António Rebocho (mais conhecido por António Gadunhas) reconheceu nas "Pedras Talhas" um extraordinário monumento megalítico, até então único em toda a Ibéria. Começamos por uma notícia de 1970 do jornal eborense A Defesa. Divulgamos também um Parecer de Manuel Farinha dos Santos (o arqueólogo do Escoural) datado de 1971 que dá conta das difíceis relações com o proprietário da Herdade à época (Eng. Miguel Soares). Por fim, um Relatório de 1981 assinado pelo meu malogrado colega de curso, Jorge Pinho Monteiro- 1950-1982, com quem partilhei trabalhos de campo, ainda como estudantes, no levantamento da arte rupestre do Vale do Tejo (no início dos anos 70). Este relatório, pedido então pelo IPPC, apesar de muito sintético, revela à época uma rara capacidade de análise e de percepção dos principais problemas de conservação deste monumento, alguns dos quais (como a arenização dos menires ou a erosão do solo) ainda representam hoje ameças importantes. Refira-se que boa parte das medidas por ele propostas em 1981, viriam a ser postas em prática por Mário Varela Gomes, também nosso colega das lides arqueológicas do Tejo, poucos anos depois com o apoio da Câmara Municipal. É em grande parte aos trabalhos de Mário V.Gomes, seguindo de perto as propostas de Pinho Monteiro, e concretizadas com o apoio financeiro e logístico da Câmara Municipal de Évora (nomeadamente ao nível do restauro) que se deve a situação actual de excepcional monumentalidade dos Almendres. 


Notícia publicada no jornal de Évora, "A defesa", em 12 de Setembro de 1970 e que dá conta dos trabalhos de Henrique Leonor de Pina 



Parecer de Manuel Farinha dos Santos que propõe que o processo de classificação do Cromeleque como Imóvel de Interesse Público, aberto por despacho de 21 de Agosto de 1970, seja alargado  aos menires dos Almendres e de Vale de Cardos. Este processo seria concluído com a publicação apenas em 21.12.1974. Recentemente (4 de Março de 2015) o Cromeleque foi reclassificado como Monumento Nacional.


Relatório assinado pelo arqueólogo Jorge Pinho Monteiro (1950-1982), então assistente na Universidade de Évora. Infelizmente, Pinho Monteiro faleceria um ano depois e não pôde levar à prática um plano que revela, tendo até a época em que é feito, a sua elevada preparação técnica e científica. O mesmo seria anos mais tarde desenvolvido pelo seu amigo e colaborador, Mário Varela Gomes, com o apoio da Câmara Municipal de Évora.




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