quinta-feira, 2 de junho de 2016


A Arqueologia do Alqueva. Deficit de divulgação?

A propósito da recente inauguração em Beja (18 de Maio de 2016) de mais uma exposição sobre a Arqueologia do Alqueva, alguns colegas contrapondo àquilo que se tem considerado uma verdadeira revolução nos conhecimentos arqueológicos no Alentejo, graças à grande quantidade de escavações realizadas naquele contexto, não deixaram de referir como aspecto negativo a falta de divulgação dos respectivos resultados. Naturalmente, para comentar essa afirmação, teremos de distinguir dois níveis básicos dessa divulgação. Antes de mais a justificação junto do grande público dos investimentos vultuosos realizados, dando a conhecer as principais descobertas e o seu imediato significado para a evolução do conhecimento histórico da região. Depois, a edição científica para além dos relatórios técnicos contratuais, com a publicação tão alargada quanto possível (monográfica) das escavações e resultados obtidos nos trabalhos de campo. Julgo que, apesar de algumas lacunas e insuficiências, também neste campo o projecto arqueológico do Alqueva, nas suas duas distintas fases (construção da Barragem e formação do grande lago, 1996-2002; construção das infra-estruturas de rega, 2002-2016) tem sido pioneiro. Aliás neste mesmo blog, em distintas ocasiões, e a propósito de iniciativas diversas, procurámos dar testemunho dessa situação. 






Recordo que na 1ª fase que tive oportunidade de coordenar, houve um trabalho constante junto da comunicação social, que prestou alguma atenção ao tema, ainda que a reboque do peso mediático de toda a operação Alqueva. Recordo as reportagens do Expresso ou do Público, mas também da RTP2 ou da National Geographic, entre muitos outros exemplos. A EDIA procurou ela própria produzir exposições, folhetos e desdobráveis e até um video temático ("A Cápsula do tempo em Alqueva" ) que era disponibilizado às escolas. Mais recentemente, e face aos extraordinários resultados obtidos na implementação da rede de rega em cerca de 100 000ha de boas terras do Centro e Baixo Alentejo, a empresa do Alqueva, foi procurando tirar partido de algumas descobertas singulares para organizar pequenas exposições, na sua própria sede em Beja ou mesmo fora de portas, como aconteceu com alguma regularidade na concorrida OVIBEJA. Já quanto ao real impacto destas acções junto do público, o balanço estará certamente por fazer, mas seria um interessante tema de pesquisa. Recordo que apesar do grande esforço organizativo (e até financeiro para a EDIA) em Setembro do ano passado para montar em Lisboa uma grande exposição sobre os 20 anos de Arqueologia do Alqueva (Museu Nacional de Arqueologia), esta foi praticamente ignorada pela comunicação social, o que teve como resultado o seu fraquíssimo impacto junto do público em geral. Esperemos que a nova exposição de Beja, organizada em colaboração com a Câmara Municipal, possa ter nesse aspecto um resultado diferente. Para já conseguiu algo que não se verificou em Lisboa. A atenção de um grande orgão de comunicação social que lhe concedeu grande destaque, em duas das suas páginas que aqui reproduzimos com a devida vénia.





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