Arte chocalheira no Monte das Pedras
O Ti Bento, talhando em azinho mais um badalo de chocalho. Um pisador de alho talhado também pelo Ti Bento |
Mas afinal o Ti Bento, no que respeita a patrimónios, joga também noutros campeonatos... Já lhe conhecia os dotes no trabalho da madeira, através da qualidade estética de alguns detalhes decorativos nos instrumentos de trabalho por si preparados. Ignorava, no entanto, as suas qualificações específicas no domínio da "arte chocalheira", uma arte popular recentemente reconhecida pela UNESCO (1/12/2015), como fazendo parte do Património Cultural Imaterial da Humanidade, com necessidade de salvaguarda urgente. É que o Ti Bento, conforme descobri há dias, é especialista na produção dos badalos para os característicos chocalhos, nos quais se usa em exclusivo, a madeira de "azinho", essencialmente por razões que têm que ver com a respectiva dureza e densidade, factores que se reflectirão, por sua vez, no característico efeito sonoro pretendido.
Vivendo não muito longe das Alcáçovas e sendo há muitos anos amigo do antropólogo Paulo Lima, responsável científico por esta candidatura, foi com natural curiosidade que acompanhei o seu desenvolvimento e o seu grande sucesso, não necessariamente garantido, tendo em conta a singeleza do objecto em si. Mas foi obviamente com alguma estupefacção que me deparei com mais esta aptidão do meu vizinho Bento, acrescendo como motivo de especial interesse, o facto de, neste caso, o seu trabalho resultar da "encomenda" de uma Herdade vizinha, em vias de renovação dos "meios de sinalização" do respectivo gado vacum.
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