segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Mário Brito (1953-2015)

Foi mais uma vez através do ARCHPORT que a notícia chegou. Mais um companheiro que desaparece, da geração que nos anos 80 ajudou a construir as alargadas bases onde hoje se funda a Arqueologia, enquanto actividade essencial na construção da identidade e da memória colectiva. A nota fúnebre da Direcção Regional de Cultura do Norte, realça a sua actividade no âmbito da "gestão cultural" e da museologia mas não esquece que a sua carreira se iniciou, por concurso, como arqueólogo do velho Serviço Regional de Arqueologia da Zona Norte (1985) instalado em Braga no início dos anos 80, acolhido pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. A estas duas estruturas cedo se juntaria o Museu D.Diogo de Sousa (em "rede" como hoje se diz), então ainda em instalação e, para aí transitaria depois o Mário Brito iniciando uma importante carreira ligada à museologia. Como lembrava há pouco no Facebook o António Martinho Baptista, o alentejano do Côa que fez também tirocínio em Braga (Parque Nacional do Gerês), o Mário Brito foi um dos primeiros da nossa geração, a descobrir a importância das novas tecnologias para o trabalho de investigação e divulgação patrimonial, tendo tido um papel importante na instalação dos primeiros sistemas informáticos na área do património cultural. Pessoal e profissionalmente, os nossos contactos foram esporádicos após a extinção no início dos 90 dos Serviços Regionais de Arqueologia e da dispersão de serviços acontecida com a implosão do IPPC. De tal modo, que após a habitual incredulidade face à secura da notícia, a minha primeira reação tenha sido a memória de um ainda jovem companheiro (apesar da idade de 61, confirmada pela notícia), um dos recém licenciados da Faculdade de Letras do Porto que, sob a coordenação do Francisco Sande Lemos, se haviam forjado como arqueólogos na grande escola de "arqueologia pública" (um conceito ainda por descobrir à época) que foi o SRAZN e de que fizeram parte entre outros, o Lino Tavares da Silva, a Isabel Silva, o José Meireles, o Orlando de Sousa, o João Pedro Cunha Ribeiro, o Rafael Alfenim...).


Aqui deixo a Nota hoje divulgada pela Direção Regional de Cultura do Norte:



É com profundo pesar que a Direção Regional de Cultura do Norte cumpre o dever de participar o falecimento do seu estimado colaborador Dr. Mário Brito e de informar que o corpo estará em câmara ardente, a partir da tarde de hoje, na Igreja das Antas, no Porto.
Mário Brito desenvolveu a sua atividade no âmbito da Gestão Cultural, estando, mais recentemente, envolvido em ações relacionadas com as Indústrias Criativas e criação de emprego cultural. Foi Diretor de Departamento de Museus e Património da C.M. do Porto, professor da Universidade do Porto, formador e colaborou com diversas instituições de ensino, nomeadamente a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Desempenhou também funções nos Serviços Regionais de Arqueologia da Zona Norte, Museu D. Diogo de Sousa, Mosteiro de Tibães e Instituto Português do Património Arquitetónico. Licenciado em Arte e Arqueologia era Pós-Graduado em Gestão Autárquica Avançada.
A Direção Regional de Cultura do Norte endereça à família e amigos as mais sentidas condolências.



Sem comentários:

Enviar um comentário