quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Arqueologia na 1ª página


A 1ª página do Diário de Notícias de 20 de Julho de 1964. Farinha dos Santos, em entrevista publicada na 2ª página mas que mereceu chamada de 3 colunas e foto na 1ª página, revela em entrevista a João Salvado (jornalista fundador do Centro Piloto de Arqueologia da Mocidade Portuguesa) a identificação de pinturas rupestres paleolíticas na Gruta do Escoural. O recurso aos jornais deve ter sido influenciado por Manuel Heleno, o polémico director do Museu Nacional de Arqueologia, que já nos anos 30 se servira deste meio para divulgar algumas das suas "grandes descobertas",


Não é a primeira vez que a Arqueologia aparece nas primeiras páginas da imprensa portuguesa (nem sempre pelas melhores razões) mas a 1ª página de hoje do "Público" de hoje merece uma referencia especial. É verdade que actualmente a importância das notícias já não se mede pelo nº de colunas ou pelo tamanho dos títulos ou das imagens, havendo certamente todo uma marketing escondido por trás da concepção das primeiras páginas e esta extraordinária "capa arqueológica" não terá sido excepção. Ainda que o caso dos jornais sensacionalistas, misturando sistematicamente crime com sexo, seja certamente exemplo mais óbvio... Mas não deixa de ser assinalável que um projecto tão simples e parco de meios como o promovido pelo Pedro Barros e pelo Samuel Melro em torno da inventariação e estudo das "estelas" com escrita do Sudoeste, tenha conseguido justificar uma abordagem tão forte num dos diários de referencia do país. Prova de que o trabalho de "arqueologia pública" que lhe está subjacente tem surtido efeito e que está no caminho certo. 







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