Igreja do Salvador, Évora
Do antigo Convento do Salvador (Século XVII), subsistiram apenas, após as grandes demolições da 1ª metade do século XX, uma torre monumental (resquício da Cerca Velha da cidade), a Igreja e alguns anexos, incluindo parte do antigo claustro. Poucos eborenses, saberão hoje que o edifício dos Correios, projecto com todas as características (boas e más) da arquitectura do Estado Novo, ocupa pois o espaço de um dos (poucos) conventos demolidos da cidade. E já começa também a desvanecer-se a memória do uso dado à Torre do Salvador durante as últimas décadas do Século passado: sede regional dos extintos Monumentos Nacionais.
Quanto à Igreja, desafecta ao culto e fechada durante muitos anos, ainda paira a triste lembrança, sobretudo nas gerações com mais de quarenta anos, do seu uso como "casa funerária", função entretanto transferida para a vizinha Igreja de Santiago (do outro lado da Praça do Sertório). No que resta do antigo Convento, perdura no entanto, alguma sobreposição de responsabilidades no que respeita ao respectivo estatuto. A Igreja propriamente dita, porque afecta ao culto mesmo após a extinção do Convento, continuou na posse da Arquidiocese. Já a Torre sobrante das demolições do Convento, entretanto expropriado após a extinção daquele, é propriedade pública. Recentemente, no âmbito de oportuno Protocolo, aquelas posições sofreram uma curiosa mas feliz inversão. A Arquidiocese, na falta de espaço para o efeito, preparava-se para instalar na Nave da própria Igreja, estruturas de arquivo destinadas a receberem documentação paroquial actualmente em risco de perda, dada a sua dispersão pelo vasto território diocesano. A Direcção Regional de Cultura, herdeira das competências e dos funcionários (que restavam) dos Monumentos Nacionais, não tinha função para a Torre. A oportunidade das circunstâncias, aliada ao bom senso de ambas as partes, acabaram por determinar a solução lógica: os Arquivos passaram para as instalações devolutas, deixando a magnífica Igreja disponível para a visita pública.
A recuperação de um espaço confinante com a magnífica Praça do Serório que já havia sido "loja dos monumentos", passou a ser a "loja do património" e a servir de recepção e acesso público para um espaço monumental de grande qualidade que, naturalmente, atrai cada vez mais visitantes. Com a aliciante desse espaço, pela sua natureza e localização, se proporcionar para frequentes e diversos eventos que enriquecem a vida cultural da cidade.
Daí o convite para a visita à pequena mas interessantíssima exposição recentemente inaugurada e cujo tema não podia ser mais apropriado: "PRESÉPIOS DOS CONVENTOS DO ALENTEJO".
Sem comentários:
Enviar um comentário