domingo, 27 de maio de 2018

Os 40 anos do CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA

Um dos primeiros trabalhos de arqueologia publicados pelo CAM  (1987- catálogo de exposição, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian)

Não pude estar presente no colóquio que celebrou este fim de semana (25 e 26 de Maio de 2018) os 40 anos do CAM_ Campo Arqueológico de Mértola. Mas, graças ao texto (e fotos) que o Santiago Macias acaba de divulgar no seu blog (Avenida da Salúquia, 34), senti-me comungar do espírito que se terá vivido em Mértola ( ver aqui ). Com efeito, o projecto de Mértola, graças à personalidade e à cultura do Cláudio Torres, apesar de ter acompanhado as transformações da arqueologia portuguesa no último quartel do Século XX (ou seja no pós 25 de Abril), foi sempre muito mais do que um projecto de Arqueologia ou de investigação arqueológica. Daí que, naturalmente, na breve resenha histórica que o Santiago traça no seu texto, praticamente não haja referencia às questões institucionais que, a componente de escavação presente em Mértola (e teoricamente, a primeira razão de ser do próprio Campo) levantava perante as entidades da tutela (como hoje se diz) e que à época eram o IPPC e os respectivos Departamento de Arqueologia e Serviço Regional de Arqueologia do  Sul. A essas relações, nem sempre fáceis, dada a natureza desalinhada do próprio projecto de arqueologia e a personalidade e posicionamento político do Cláudio, já me referi ocasionalmente em alguns dos posts deste blog e cujos links aqui deixo. Graças sobretudo à teia de amigos que o Cláudio, como ninguém sabia cativar (desde os mais humildes funcionários administrativos até aos Secretários de Estado, como a Teresa Patrício Gouveia, recebida nos anos 80 em Mértola com abraços e beijinhos...) lá íamos no velho Departamento de Arqueologia do IPPC, ultrapassando as dificuldades burocrático-administrativas provocadas pela irreverência ou, simplesmente, pela falta de "pachorra" do Cláudio para tudo quanto eram "papéis"... E verdade seja dita, até aos projectos da JNICT que aparecem apenas no final da década de 80, o CAM subsistia financeiramente graças a duas entidades: em primeiro lugar a Câmara Municipal de Mértola e em segundo lugar, os subsídios atribuídos pelo IPPC através do Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos. Só que estes, dependentes do parecer do Director do Serviço Regional de Arqueologia do Sul e da Comissão Nacional Provisória de Arqueologia (depois Conselho Consultivo do IPPC), por vezes só com muita persistência do Departamento de Arqueologia se conseguiam fazer aprovar, dada a conhecida resistência de um certo "establishment " académico e institucional que sempre consideraram o CAM mais como um projecto político (de "agitpropo") do que científico, E talvez tivessem razão: daí a celebração dos respectivos 40 anos.


http://pedrastalhas.blogspot.pt/2015/11/novidades-de-mertola-como-arqueologo.html

http://pedrastalhas.blogspot.pt/2018/01/premio-pessoa-1991-quando-arqueologia.html

http://pedrastalhas.blogspot.pt/2016/06/encontro-em-mertola-sempre-que-me-cruzo.html

http://pedrastalhas.blogspot.pt/2017/10/os-degolados-de-mertola-proposito-das.html

Sem comentários:

Enviar um comentário