segunda-feira, 13 de outubro de 2014


As ignoradas ruínas romanas de Santana do Campo, Arraiolos

Graças à INTERNET e aos PDFs, tive hoje acesso a uma obra de Virgílio Correia (1888-1944) que desconhecia e que está disponível "on line" através da Biblioteca da Universidade de Toronto (viva a globalização boa!). Trata-se de uma compilação de artigos avulsos, de divulgação ilustrada sobre diversos monumentos, distribuídos de norte a sul do país. Nele encontrei um texto dedicado ao ainda hoje pouco conhecido "Templo Romano" de Santana do Campo, uma aldeia localizada a poucos quilómetros de Arraiolos, na direcção de Pavia, zona onde o mesmo Virgílio Correia, na sua fase de arqueólogo pré-historiador da sua multifacetada carreira, faria um trabalho pioneiro sobre o megalitismo alentejano. As ruínas de Santana do Campo, são um daqueles casos isolados de ruínas romanas com alguma monumentalidade e aparentemente inexplicáveis, que poderíamos comparar com o Templo Romano de Almofala, (Figueira de Castelo Rodrigo), o Arco Romano de Bobadela (Oliveira do Hospital) ou mesmo a misteriosa torre de Centum Cellae, em Belmonte. Naturalmente, estes sítios têm (ou tinham) em comum o facto de nunca terem sido objecto de pesquisa arqueológica aprofundada. Quando esta acontece, e dos casos que citei o menos estudado é precisamente Santana, o aparente mistério esclarece-se. Pois, neste caso, apesar de algumas referencias ou chamadas de atenção, como a de Virgílio Correia de há quase um século, as incógnitas mantêm-se. Arqueologia na envolvente, apenas algumas intervenções pontuais preventivas e sem grandes resultados, motivadas por obras próximas. A localização das ruínas em plena área urbana, integradas em Igreja ainda ao culto e o facto de parte das estruturas romanas se estenderem para casas particulares e para o cemitério local, não têm encorajado os especialistas, apesar do seu mais que evidente potencial. 




Post Scriptum (importante)

Quando há mais de um ano publiquei esta pequena nota, cometi um lapso imperdoável, ao esquecer que não há muito tempo (anos 90), Thomas Schattner, um colega e amigo, durante algum tempo Director da Delegação portuguesa do Instituto Arqueológico Alemão, publicou um novo e importante trabalho sobre estas ruínas de Santana do Campo. Aqui fica o facsimile da 1ª página do referido artigo, editado na revista O Arqueólogo Português.



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