segunda-feira, 2 de julho de 2018

OS ALMENDRES, de novo no PÚBLICO
1992-2018

Um quarto de século separa os dois "recortes" de página inteira do Público que aqui apresentamos. O mais antigo, de 15 de Setembro de 1992, é assinado pelo meu velho amigo, o professor liceal Marcial Rodrigues, então "correspondente" em Évora daquele ainda jovem diário; o segundo é da responsabilidade do jornalista profissional Carlos Dias. Curiosamente, enquanto o primeiro regista os primeiros esforços organizados ao nível da Câmara Municipal de Évora, no âmbito da divulgação e promoção do megalitismo local como factor de desenvolvimento turístico, o segundo avalia os impactos negativos sobre esse mesmo património, uma vez que o desejado incremento desse potencial, não foi acompanhado pelas medidas de gestão e salvaguarda que já então se assinalavam como indispensáveis. Em ambas as notícias quer nas imagens quer no conteúdo, todo o destaque vai naturalmente para o CROMELEQUE DOS ALMENDRES, verdadeiro ex-libris do Megalitismo Alentejano. Mas não deixa de ser sintomático que a medida já preconizada em 1992 pelo escultor João Cutileiro e referida no artigo de Marcial Rodrigues (criação de um parque de estacionamento afastado do monumento) só tenha sido concretizada 20 anos depois (2012).

Três pequenas notas apenas ao texto do Carlos Dias, uma peça que de forma impecável e irrepreensível, sintetiza toda a problemática para a qual temos tenho vindo a chamar a atenção, não apenas neste "blog" mas em todos os fóruns possíveis e imaginários (incluindo a  Assembleia da República, sem qualquer efeito, diga-se de passagem... ver aqui por exemplo).

Em primeiro lugar assinalamos com agrado que a informação que temos vindo a acumular quer neste blog quer no grupo do Facebook "Guadalupe em defesa do Cromeleque dos Almendres" , tem utilidade pública, como se comprova no trabalho do Carlos Dias.

Em segundo lugar, comentando as declarações transcritas de Carla Rufino (filha do proprietário dos Almendres, sr. José Rufino), recordar que o estradão de acesso já existia, talvez há séculos, e pela tradição regional de uso dos caminhos rurais, sempre fora uma serventia pública. O que a Câmara Municipal fez na década de oitenta (numa altura em que a Herdade dos Almendres se encontrava ainda intervencionada no âmbito da Reforma Agrária) foi proceder às custas do orçamento camarário, a extensas obras de melhoria do mesmo, entre Guadalupe e o monumento classificado (então Imóvel de Interesse Público, hoje Monumento Nacional). Essa estradão (apesar dos problemas de conservação que a autarquia vai resolvendo como pode) hoje serve não apenas os visitantes do Cromeleque mas os vários proprietários da zona, incluindo um empreendimento turístico hoteleiro, promovido por um conhecido apresentador de televisão.

Finalmente uma terceira e última ressalva, para a minha afirmação transcrita de que os "operadores turísticos utilizam o Cromeleque de borla"... Embora reconhecendo atitudes diversas da parte destes, desde os que se limitam a "despejar" os turistas no local, até aos que acompanham e ajudam de facto à descoberta do sítio, não posso deixar de aceitar o reparo de amigos que há muito se dedicam a essa legítima e útil actividade, recordando que eles próprios, com a sua presença regular, vão contribuindo para uma vigilância e atenção ao monumento que deveria estar assegurada pelas entidades competentes...





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