VISITA ÀS "OBRAS" DO TEMPLO ROMANO
Já em anterior "post" havíamos dado conta do início de obras de urgência no Templo Romano de Évora, 146 anos após a última grande intervenção do cenógrafo e arquitecto italiano Giuseppe Cinatti - ver AQUI - a quem se deve a imagem que todos guardamos do monumento ex-libris da cidade de Évora e da herança romana em Portugal. Naquele texto recordámos também, em traços gerais, a história do exemplar processo de "restauração" conduzido no século XIX por duas brilhantes figuras da cultura oitocentista, Cunha Rivara e Filipe Simões, ambos directores da Biblioteca Pública de Évora, a quem muito deve a nossa cidade.
Hoje, já totalmente montados os andaimes e respectivas proteções, que dão ao templo um ar de instalação do conhecido artista "Christo", tive oportunidade de, em conjunto com outros colegas da Direção Regional de Cultura (promotora da intervenção), subir ao nível da arquitrave, o que nos proporciona uma perspectiva única, quer da dimensão quer sobretudo da qualidade artística, dos imponentes capitéis em mármore que ainda subsistem.
Apenas um aparte.
Certamente reflexo do clima eleitoral em que já estamos inseridos, as redes sociais eborenses têm sido férteis em comentários para todos os gostos a propósito do "embrulho" do Templo Romano. Alguns insinuando inclusive que as obras fariam parte de um qualquer maquiavélico plano eleitoralista da Câmara Municipal. Ora convém esclarecer que a autarquia é completamente estranha aos trabalhos em curso, iniciativa da Direção Regional de Cultura (entidade a quem o Monumento está afecto, embora esse seja também um assunto controverso...), e que o respectivo "timing", advém de circunstâncias completamente fortuitas. Durante uma vistoria de rotina, efectuada em Junho passado, foi detectado o recente desprendimento de um fragmento de capitel de grandes dimensões... Essa verificação fez disparar as "campainhas de alarme", temendo-se próximas "réplicas" com resultados imprevisíveis, sobre o património mas também sobre as numerosas pessoas que circulam na sua envolvente. Entre o encontrar os necessários recursos (directamente do Gabinete do Ministro pois os serviços estão, como se sabe, exauridos pelas sucessivas cativações...) e o cumprir dos mínimos formalismos exigidos, mesmo para situações de emergência como a presente, esgotaram-se as poucas semanas entretanto decorridas, iniciando-se os trabalhos, por mera coincidência, em plena época eleitoral.
Cicatriz do fragmento de capitel que fez disparar o "alarme". |
Elementos de ligação dos blocos da arquitrave, em bronze. Não se sabe ainda se são os elementos originais. Nalguns casos existe já apenas o entalhe na pedra. |
O bloco inferior da arquitrave, apreciando-se ainda a respectiva decoração. |
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