Do Escoural a Lascaux
Passou na semana passada (20 Setembro 2017) na RTP2 um fantástico documentário sobre a concepção e construção da mais recente réplica da Gruta de Lascaux (Lascaux 4- Salvem a arte rupeste) que recomendo vivamente (enquanto estiver disponível no MEO...) aos arqueólogos e outros interessados no património. A escala do projecto e da obra, sob todas as perspectivas é verdadeiramente avassaladora e profundamente perturbadora para quem conhece as condições em que se trabalha e faz arqueologia em Portugal, nomeadamente nesta componente de mediação com o público, afinal a última razão de ser da disciplina. Mas agora imaginem a sensação de quem é (ainda) científica e tecnicamente responsável pela única gruta rupestre paleolítica portuguesa, ao ver o documentário...como é o meu caso. Não fosse o calejamento e a capacidade de relativização que a idade nos traz e a "depressão" era inevitável...
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Lascaux 4 e o Centro Internacional de Arte Parietal, em vista aérea (fotomontagem obtida na INTERNET) |
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Acesso a Lascaux 4, inaugurado no final de 2016 (imagem da INTERNET) |
Não é obviamente que o ESCOURAL seja comparável com LASCAUX, apesar de algumas relações curiosas. O primeiro grande estudioso de Lascaux, o Padre André Glory, foi o "atestador" da antiguidade paleolítica do Escoural, onde ainda esteve em missão durante alguns dias em 1965, pouco antes de falecer. O ano da descoberta do Escoural (1963) coincide com a tomada de consciência dos impactos turísticos na preservação da arte rupestre, implicando a decisão de André Malraux de fechar e condicionar fortemente o acesso à Gruta de Lascaux que estava a ser explorada comercialmente por privados. Por fim, e como o próprio Glory destacou, a Arte Rupestre do Escoural, podendo ser mais antiga que a de Lascaux, representava e representa ainda o local mais ocidental da Europa que, de algum modo se aparenta e relaciona com as fantásticas manifestações artísticas de Lascaux.
Por tudo isso mas não só, o ESCOURAL mereceria um pouco mais de atenção dos portugueses... Felizmente, ao contrário de outros monumentos fantásticos da Pré-história na sua vizinhança. como os Almendres ou a Anta Grande do Zambujeiro, está pelo menos na posse do Estado. E nos últimos anos (2009-2011) foi mesmo possível investir na sua requalificação (acessos e estacionamento, circulação interior e iluminação). Mas os problemas habituais subsistem. Esgotadas as verbas para as obras provenientes do financiamento europeu, não existem recursos para a manutenção corrente, sendo já notórios os sinais de degradação. E a interação com o público? Uma única guia, subcontratada (?) através de verdadeira "engenharia administrativa", assegura o funcionamento do Centro de Interpretação (na povoação do Escoural, a 3 Km da Gruta), a marcação obrigatória das visitas, e as próprias visitas... Nestas condições alguma coisa terá de funcionar menos bem.
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A Gruta do Escoural, após as obras de requalificação em 2011. |
A título de registo e memória futura (e apesar de ter divulgado já este documento na Revista ALMANSOR, nº 1, 3ª série, 2015) aqui deixo o texto que produzi em 2008 e que na altura fiz seguir hierarquicamente "para os devidos efeitos", com uma proposta de "arqueologia pública" para a Gruta do Escoural. Das componentes dessa proposta viriam apenas a concretizar-se entre 2009 e 2011, graças às verbas europeias, as componentes de requalificação física da Gruta. Tudo o mais não passou de piedosa reflexão. De qualquer modo aqui fica, para eventuais curiosos, este modesto contributo.
Mas por favor, se poderem, não deixam de ver o documentário sobre Lascaux 4.
“ArqueoCENTRO Rupestre” do Escoural
Gruta do Escoural- importância e estatuto
A Gruta
do Escoural, pequena cavidade natural localizada próximo de Santiago do
Escoural, a meio caminho entre Montemor-o-Novo e Évora, conserva, para além de
outros vestígios, testemunhos raros de “arte rupestre paleolítica” (em Portugal,
caso único em gruta), e integra-se numa região que pelo seu elevado interesse
ambiental e patrimonial, a Serra de Monfurado, apresenta um forte potencial no
domínio do turismo cultural. Classificada como Monumento Nacional desde a
descoberta em 1963, a Gruta é actualmente propriedade pública, afecta ao Ministério
da Cultura através da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCALEN). Esta
Direcção é também responsável pela gestão de um pequeno Centro Interpretativo,
instalado desde 2001 na localidade do Escoural, em edifício da Junta de
Freguesia.
Situação actual e potencialidades
No início da presente década, o número de
visitantes do conjunto arqueológico do Escoural (Centro e Gruta) chegou a superar,
em média, os mil por mês mas nos últimos dois anos, problemas vários têm
afectado o funcionamento regular destas estruturas, com efeitos nefastos sobre
a procura turística. Ainda que DRCALEN e a própria Câmara Municipal de
Montemor-o-Novo (CMMN) estejam, entretanto, a procurar soluções que permitam retomar,
no curto prazo, um nível de funcionamento mais adequado à importância do
conjunto, existe a noção de que, face à natureza e raridade dos valores em
causa, é possível e necessário, oferecer muito mais aos visitantes. Só
avançando nessa direcção, tirando partido não apenas do renome do sítio “Gruta
do Escoural”, mas também do ambiente natural e cultural em que o mesmo se
integra, será possível transformar todos estes valores num recurso estratégico ao
serviço do desenvolvimento local e regional.
Um recurso identificado na Carta
Estratégica do Concelho de Montemor-o-Novo (2007-2017)
Com efeito, a Carta Estratégica do Concelho
de Montemor-o-Novo, não só reconhece o turismo como um factor de impulso ao
desenvolvimento regional e local, como identifica a Gruta do Escoural e o Sítio
da Rede Natura 2000 do Monfurado, como recursos culturais e ambientais de
interesse estratégico. Desse reconhecimento decorre, aliás, no âmbito do
respectivo “Programa de Actuação”, a formulação de um projecto intitulado
“PARQUE CULTURAL DO PALEOLÍTICO E NEOLÍTICO E RESPECTIVO NÚCLEO MUSEOLÓGICO”.
Ainda que difuso quanto ao modelo subjacente e recorrendo a conceitos hoje algo
banalizados (“Parque Cultural”/ “Núcleo museológico”), a proposta revela
consciência da mais-valia arqueológica em causa (Gruta e Património Megalítico
em especial) e da necessidade de a colocar ao serviço do desenvolvimento.
1963-2013- O cinquentenário da descoberta_ um pretexto e uma
oportunidade
Nesse sentido, a circunstância de no ano de
2013 se comemorar o cinquentenário da descoberta da Gruta, protagonizada por
trabalhadores do Escoural, pode e deve ser “agarrada” como uma oportunidade ou
um pretexto para, correspondendo aos anseios há décadas manifestados pelas
populações e entidades locais e regionais, e aos objectivos estratégicos assumidos
pela própria autarquia, identificar, planear e promover um conjunto de acções
que permitam, de forma integrada e sustentada, colocar este Património ao
serviço de um grande projecto de desenvolvimento regional. Naturalmente, o
presente documento, assume-se como uma proposta preliminar de “programa-base”,
de apoio à decisão da DRCALEN e da Autarquia, entidades que, independentemente
das soluções, fórmulas de desenvolvimento, e eventuais parcerias, públicas ou
privadas, estarão necessaria e inevitavelmente na base de um projecto com essa
ambição.
1. conceito e
pressupostos subjacentes à proposta de um “ArqueoCENTRO Rupestre” no Escoural
2. desenvolvimento,
concepção e execução da componente física do “ArqueoCENTRO Rupestre do Escoural”
3. viabilidade e
sustentabilidade do “ArqueoCENTRO Rupestre do Escoural”
1. A criação de um ArqueoCENTRO
RUPESTRE DO ESCOURAL_ conceito base e pressupostos que lhe dão
consistência
1.1. Conceito
base e localização
Propõe-se
a criação na área urbana do Escoural, ou na sua envolvente imediata, (eventualmente
tirando partido da recuperação e reutilização de construções já existentes) de
um ArqueoCENTRO RUPESTRE, uma ampla estrutura
física que integraria para além de uma área expositiva e interactiva no domínio
da divulgação científica sobre as Arqueociências em geral e a Pré-História em
particular, uma estrutura técnica responsável pela valorização e animação
turístico-cultural da Gruta do Escoural e outros recursos patrimoniais e naturais
da Serra do Monfurado.
Sendo
a ligação à GRUTA, o eixo vital do projecto, a localização do ArqueoCENTRO deverá
ser devidamente ponderada. A opção urbana, apresenta mais vantagens do que
desvantagens, nomeadamente de ordem prática e económica, quer para a fase de
construção/ instalação quer para o funcionamento futuro, permitindo tirar
proveito de uma estreita articulação com a vida da própria localidade. Ainda
assim, a grande vantagem dessa separação (cerca de 3km) residirá na possibilidade
de, mesmo com algumas melhorias necessárias a promover na Gruta e na sua
envolvente, conservar e tirar o máximo partido possível do seu ambiente
natural, conferindo à visita (sempre de forma organizada e em complemento das
actividades do ArqueoCENTRO) um ar de aventura e de descoberta…Por outro lado,
esse afastamento permitirá aliviar a previsível pressão turística sobre a cavidade
natural que um projecto desta natureza induzirá, sem frustrar totalmente as
expectativas dos utentes do ArqueoCENTRO, que por qualquer motivo ou
circunstância, não possam aceder à Gruta.
1.2. Componentes do ArqueoCENTRO
RUPESTRE
A-
um núcleo ou Centro de Ciência Viva* (CCV) dedicado à exploração
experimental/interactiva (conjugando áreas expositivas com ateliers
experimentais, em área coberta ou ao “ar-livre”) de temáticas científicas relacionadas
com a Pré-história, como por exemplo: a Evolução Humana e a Teoria Darwinista,
as Arqueo e Geociências (da Geologia, aos métodos geofísicos de datação absoluta,
passando pela Palinologia, Paleobotânica, Arqueozoologia…), o Megalitismo e, naturalmente,
a Arte Rupestre. Este núcleo, estará essencialmente virado para o apoio didáctico
a grupos de alunos dos vários graus de ensino, mas deverá poder responder também
ao interesse e curiosidade dos turistas ocasionais ou dos grupos “seniores”, neste
caso através de actividades de terapia ocupacional; deverá funcionar em directa
articulação com as visitas organizadas à Gruta do Escoural, ou em alternativa
ou complemento, a outros monumentos e sítios pré-históricos da região (Montemor
e Évora), como o Cromeleque dos Almendres ou a Anta Grande do Zambujeiro.
*Os Centros Ciência
Viva são espaços interactivos de divulgação científica e tecnológica
distribuídos pelo território nacional, funcionando como plataformas de
desenvolvimento regional - científico, cultural e económico - através da
dinamização dos actores regionais mais activos nestas áreas- in www.cienciaviva.pt
B -
um núcleo interpretativo da Gruta do
Escoural e património associado, especialmente vocacionado para a valorização,
conservação e gestão turística da Gruta (organização e acompanhamento das
visitas; monitorização ambiental; manutenção). Ainda que a componente
interpretativa ou museológica, deva integrar-se, de forma mais ou menos
destacada, no discurso expositivo do CCV (geologia, antropologia, cronologia,
arte rupestre, pré-história…), a este núcleo seriam assacadas as funções de
gestão corrente do Monumento Nacional_ Gruta do Escoural, (por concessão da DRCALEN e sob a supervisão desta) incluindo além
da organização das visitas, a monitorização regular das respectivas condições
ambientais e a realização das acções de conservação, manutenção e
eventualmente, de investigação.
C
- um núcleo para a divulgação e
valorização turístico cultural dos recursos patrimoniais e ambientais da
Serra do Monfurado. Este núcleo, algo supletivo em relação aos anteriores,
resultaria antes de mais do interesse e vantagens óbvias em tirar partido das
infra-estruturas e meios técnicose humanos instalados para promover, informar e
divulgar a utilização turística sustentada dos recursos ambientais e
patrimoniais do Sítio do Monfurado, nomeadamente através do apoio ao
desenvolvimento de percursos pedonais, cicláveis, todo-o-terreno, etc… Naturalmente,
essa promoção poderá e deverá articular-se com as restantes valências
científicas e culturais, numa lógica de complementaridade que alargará o leque
de potenciais interessados e diminuirá os riscos de uma especialização excessiva,
demasiado direccionada ou sujeita a grandes oscilações sazonais.
Em
síntese, o ArqueoCENTRO RUPESTRE do Escoural, concentraria num mesmo espaço,
partilhando os mesmos recursos humanos e técnicos, valências funcionais
diversas mas complementares (com um leque de destinatários, tão abrangente
quanto possível) nomeadamente: um espaço expositivo interactivo sobre as
ciências relacionadas com a Pré-história; ateliers didácticos de exploração “ao vivo” de tecnologias e
práticas pré-históricas (talhe do sílex, produção do fogo, fabrico de tintas a
partir dos pigmentos naturais, fabrico de vestuário a partir de peles de
animais, produção de cerâmica manual e à roda, etc…); um “balcão” de informações,
de organização de visitas acompanhadas à Gruta do Escoural e de exploração do
vasto património cultural e natural da Serra de Monfurado ou mesmo da região de
entre Montemor e Évora;
1.3.
Factores favoráveis a um projecto com estas características:
i. Relação de proximidade e
de onomástica entre a Vila de Santiago do
Escoural e a Gruta do Escoural, a
única cavidade portuguesa com vestígios de Arte Rupestre Paleolítica, e uma das
raras, ainda visitáveis, a nível internacional;
ii. Associação, quase do
senso comum, entre “ESCOURAL e PRÉ-HISTÓRIA”, consolidada por várias décadas de
ensino da disciplina de História nos Ciclos Preparatório e Secundário;
iii. Localização estratégica
do Escoural, no que respeita a acessibilidades, atravessada pela velha Estrada Nacional
Nº2, a poucos quilómetros de duas saídas da A6 (Montemor-o-Novo Oeste e Évora
Oeste), e muito próximo da estação de Casa Branca, (bifurcação da Linha de caminho ferro do Sul);ou seja a pouco mais
de 1,30h da Grande Lisboa ou de Badajoz.
iv. integração num contexto
paisagístico e ambiental de valor reconhecido, (SÍTIO DE MONFURADO,
classificado como Sítio de Importância Comunitária, aprovado pela Portaria
829/2007 de 1 de Agosto) e de grande potencial patrimonial, nomeadamente nos
domínios da Pré-história e especificamente do MEGALITISMO (antas, menires e recintos megalíticos, alguns reconhecidos
internacionalmente, como o Cromeleque
dos Almendres ou a Anta Grande do
Zambujeiro)
v.
o carácter praticamente inédito, a nível nacional, de uma estrutura deste tipo
quer pelas temáticas propostas quer pela relação directa e prática que é
possível estabelecer com vestígios patrimoniais associados. (Nota: dos 16 CCV
existentes no país_ apenas 1 no Alentejo, em Estremoz dedicado à Astronomia_
nenhum aborda as Arqueociências ou a Pré-história; mesmo os Museus de
Arqueologia, com excepção do Museu de Mação, com algumas experiências no
domínio de “ateliers”, raramente abordam ou tratam estas temáticas na
perspectiva proposta para o ArqueoCENTRO.)
1.4.
Públicos potenciais
As limitações “físicas” da GRUTA
As poucas estatísticas disponíveis,
mostram que, nos períodos de funcionamento regular (sem qualquer promoção
especial), a Gruta do Escoural foi procurada, em média, por cerca de 1000
visitantes mês, ou seja cerca de 30 pessoas dia. Na prática, sabemos que esse
número diário, variava muito, havendo mesmo dias, em que por motivo de “visitas
de estudo”, as entradas na Gruta podiam atingir a centena e meia de pessoas.
Ainda que, teoricamente haja
interesse, por várias razões, em atrair ao Escoural o maior número possível de
visitantes, deverá ter-se sempre presente nos estudos de viabilidade, que existem
limitações e condicionantes objectivas não ultrapassáveis no que respeita à
visita à Gruta propriamente dita. Antes de mais por razões conservacionistas, considerando
a necessidade de controlar e minimizar os efeitos negativos de quaisquer
excessos de visitantes. Por outro lado, por razões práticas, atendendo às
condições específicas do espaço físico disponível no interior da cavidade e à
necessidade de acompanhamento obrigatório das visitas. Ainda que a duração e as
características das visitas se devam adaptar aos diferentes tipos de
visitantes, tendo em conta a experiência acumulada de acompanhamento dos vários
modelos de visita ensaiados ao longo das duas últimas décadas, bem como os
resultados dos estudos de conservação promovidos pela exDRÈvora do IPPAR, a
seguir se indicam aqueles que nos parecem ser os limites de acessibilidade
pública à Gruta (partindo do princípio que são introduzidas algumas
benfeitorias propostas pelos referidos estudos e de que se promoverá a
monitorização permanente dos vários índices ambientais com interesse para a
conservação…)
Considerando
um horário base das 10h às 18h, seria, teoricamente, possível organizar 14
visitas diárias x 10 pessoas, ou seja um total máximo de 140 entradas diárias
na Gruta. Nos dias em que haja “visitas de estudo” ou “excursões”, o nº de
visitas turísticas terá que ser reduzido para 12 ou para 10 (conforme haja 1 ou
2 excursões…). Nesse caso aquele número de 140 entradas poderia, teoricamente,
ser ligeiramente ultrapassado (150 ou 160 pessoas).
Com estes
dados calculamos a capacidade máxima da GRUTA DO ESCOURAL entre 30 a 40 000
visitantes ano, desde que reunidas novas condições de acesso (construção da
“antecâmara” ) e montado um novo sistema de monitorização das condições
ambientais.
Este número
pode parecer demasiado optimista quando comparado com os dados estatísticos
disponíveis, mas será necessário contar com um incremento significativo de
visitantes com a criação do ArqueoCENTRO RUPESTRE e o efeito novidade
associado. Não será muito legítimo procurar extrapolar resultados em função dos
nºs de visitantes que o “Fluviário de
Mora” atingiu no primeiro ano e meio de vida (300 000 visitantes…) mas esse
dado mostra claramente que há público para iniciativas com qualidade, desde que
feita a respectiva divulgação e que não seja frustrada a expectativa das
pessoas. Nesse sentido, a visita à GRUTA deverá sempre ser apresentada como a
“cereja em cima do bolo” a que apenas alguns terão direito (desde que se
organizem com a devida antecedência…), insistindo o plano de Marketing em tudo
o mais que o ArqueoCENTRO tenha para oferecer aos públicos mais diversos. Assim
e tendo em conta os dados turísticos referentes a Évora, julgamos que não será
exagerado estimar números de potenciais visitantes do ArqueoCENTRO, bem acima
dos 50 000/ano.
Os
visitantes potenciais e as respectivas expectativas:
Da análise dos dados estatísticos, ficamos
com a noção de que os visitantes que procuram a Gruta do Escoural se repartem,
em percentagens equivalentes, por 3 grupos principais:
-
os grupos escolares, dos vários graus de ensino, desde o Primário ao
Universitário, incluindo grupos escolares estrangeiros (diversas
nacionalidades);
-
os turistas estrangeiros, por vezes em grupos canalizados por Agências;
-
os turistas portugueses, por vezes em grupos (excursões);
Gruta do Escoural
(1989-2006)_ Total de visitantes (azul) e visitantes estrangeiros (vermelho) -2006_dados incompletos
O aspecto mais significativo destes
dados, é a grande representatividade dos visitantes estrangeiros que se pode
explicar por três razões: i. a
proximidade de Évora, cidade com um turismo de âmbito cultural muito
significativo; ii. o interesse que a
“arte rupestre” induz em determinados grupos; iii. o facto da maior parte das grutas espanholas e francesas com arte
rupestre, ou estarem fechadas ou serem de acesso ou visita difícil.
Neste contexto, o ArqueoCENTRO
RUPESTRE, deverá encontrar quer nas soluções expositivas quer no modelo de funcionamento,
um equilíbrio entre a componente didático-formativa (orientada para os grupos
escolares ou mesmo para os grupos “seniores” ou o “turismo de famílias”) e a
componente turístico-cultural muito ancorada na Gruta e no património
megalítico regional tirando partido dos muitos milhares de turistas que procuram
Évora anualmente.
Públicos “alvo” do ArqueoCENTRO RUPESTRE:
- grupos escolares nacionais e
estrangeiros (ateliers didáticos, visitas à Gruta e aos Monumentos Megalíticos
da região)- Outubro/Novembro; Janeiro a
Maio; será o grupo menos “dependente” da Gruta, até porque os “ateliers”
poderão explorar e encaminhar os grupos para outras temáticas;
- grupos seniores (ateliers
ocupacionais e visitas patrimoniais diversas)_ ao longo do ano;
- turistas nacionais de forma
individual (visitas à Gruta e
M.Megalíticos)_ao longo do ano, com maior
incidência nos meses de Verão e nas férias da Páscoa;_ duma maneira geral pretenderão
visitar a Gruta
- turistas estrangeiros (visitas à
Gruta)_ ao longo do ano, com maior
incidência na Primavera/Verão_ especialmente atraídos pela possibilidade de
visitar a Gruta;
- grupos nacionais de turismo
“alternativo” organizado (visitas à Gruta e percursos na Serra do Monfurado)_ especialmente no Outono e Primavera;
menos dependentes da visita à Gruta.
2. Desenvolvimento, concepção e
execução da componente física do “ArqueoCENTRO RUPESTRE”
2.1. Localização
Conforme já se referiu, propõe-se a
localização do ArqueoCENTRO na área urbana do Escoural, de preferência em zona desafogada
e directamente relacionada com a EN2 que atravessa actualmente a vila. A
localização nas proximidades da Gruta poderia apresentar algumas vantagens,
caso aquela estrutura fosse entendida apenas como uma estrutura de apoio à
respectiva visita. Foi obedecendo a esse objectivo que em tempos o ex IPPAR
através da sua Direcção Regional de Évora, promoveu a elaboração de um projecto
de um pequeno Centro Interpretativo, que funcionaria como interface e de “sala
de espera”, entre o actual parque de estacionamento e a Gruta. Uma estrutura
mais ambiciosa e com objectivos similares aos que se propõem agora, exigiria
uma construção nova com alguma dimensão e inevitável impacto na envolvente da
Gruta. A não ser que se procurasse um espaço suficientemente afastado… Mas,
perante tal alternativa, dadas as evidentes economias, quer para a instalação
quer para a gestão corrente, a opção urbana acaba por ser a mais vantajosa.
Em todo o caso,
sugere-se a procura de um espaço que, de algum modo possa articular-se
facilmente com o acesso à Gruta, ou seja, preferencialmente nas proximidades da
rotunda Sul de saída do Escoural, onde entronca a EN 370 que passa junto o
monumento, na direcção de Évora.
2.2. Estrutura física
O
ArqueoCENTRO RUPESTRE, para responder aos objectivos em causa, envolverá três
áreas de acesso público diferenciadas embora, directamente articuladas, para
além do indispensável espaço técnico de apoio:
A- um
amplo espaço expositivo, onde serão explorados com recursos multimédia e meios interactivos
(réplicas, maquetes, moldes, recriações físicas e virtuais…) os diversos conteúdos
informativos. A estrutura do “discurso” pode ser temática ou cronológica,
partir do geral para o particular ou vice-versa, mas deverá fugir à lógica
museológica tradicional. A Gruta do Escoural, uma vez que apresenta vestígios
desde os Neanderthais até ao fim da Pré-história (Calcolítico), pode e deve
servir como cenário de fundo e pretexto, para a exploração autónoma de vários
temas.
Em todo
o caso, poderá haver lugar para a um elemento atractivo, por exemplo através de
uma “réplica”, em tamanho real, de um sector da própria gruta, com
reprodução das respectivas pinturas (zona
do baldaquino, por exemplo?). Tal réplica, responderá a dois objectivos
principais: permitir a todos os
potenciais visitantes e sem excepções decorrentes de quaisquer tipo de
limitações físicas, espaciais ou temporais, ter um contacto experimental com o
tipo de património que apenas alguns poderão observar directamente; recriar
nalguns casos, com o necessário apoio científico, uma imagem mais aproximada de
como seriam as pinturas originais…
B-
Uma zona para “ateliers” e/ou “palestras”, articulada directamente com um
espaço exterior, parcialmente coberto, onde se poderão realizar a maior parte das
actividades lúdico-didácticas. Esta zona exterior, dependendo do espaço
disponível, pode ter um tratamento de “parque temático”, incluindo zonas de
lazer (parque de merendas?) para diversas idades, de acesso livre à comunidade
local.
C-
Uma zona multiusos, com “balcão” de acolhimento e recepção, centro de
informação de turismo cultural e ambiental, loja de merchandising, cybercafé. Poderá
ser uma zona de acesso livre e aberto à população local, sobretudo dos mais
jovens.
Estrutura Física:
quadro de funções e estimativa de necessidades de espaço
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Espaço construído
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Espaço protegido
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Ar livre
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Exposição
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500 m2
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Ateliers/sala palestras
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100 m2
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75 m2
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5 000m2
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Recepção/Informação
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75 m2
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25 m2 (esplanada)
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Serviços apoio
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75 m2
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2.3. Articulação com a Gruta do
Escoural_ necessidades de intervenção na Gruta
A- Independentemente
da eventual criação do ArqueoCENTRO, a DRCALEN tem programadas diversas intervenções
na própria Gruta, que decorrem directamente da necessidade de melhorar as
actuais condições das visitas. Estas, apesar dos problemas circunstanciais já
referidos são sempre obrigatoriamente acompanhadas por um guia, tendo
habitualmente o seu início no “Centro Interpretativo” localizado na vila do
Escoural. Essas intervenções, parcialmente já em “projecto de execução”, tem as
seguintes componentes:
- Requalificação do Parque de Estacionamento
da Gruta (desenho e pavimento) e melhoria do entroncamento com a EN 370;
- Construção de uma nova “antecâmara” junto à
entrada da Gruta (por razões de conservação) e renovação integral das
estruturas de passadiços;
- Renovação do sistema de iluminação e dos equipamentos
de monitorização ambiental (temperatura, humidade, gaz carbónico, etc…);
- Requalificação de uma pequena casa abrigo, já existente,
com instalação de um WC de serviço e uma pequena área de arrecadação.
B-
Numa segunda fase e no sentido de valorizar e complementar a visita à Gruta,
aproveitando os tempos de espera impostos pelo nº limitado de visitantes que
devem estar dentro da cavidade em simultâneo, poderá ser criado um percurso
arqueológico no exterior, passando pela entrada considerada “primitiva” (a
Nascente da actual) e subindo mesmo ao “Santuário Neolítico Exterior”
(observação de gravuras rupestres esquemáticas) e passando pelas restos de
muralhas do Castro da Idade do Cobre.
Esta intervenção, deve ser
cuidadosamente planeada, pois apresenta condicionantes rigorosas que têm que
ver com a preservação da integridade cultural, ambiental e paisagística do sítio
e da própria Gruta, um lugar muito especial no passado, que não pode ser
adulterado por qualquer intervenção desintegrada ou precipitada.
2.4. Enquadramento do Projecto do
ArqueoCENTRO RUPESTRE no contexto de um plano de “comemorações do
Cinquentenário da Descoberta”
A passagem em 2013 do cinquentenário da
descoberta da Gruta do Escoural (ocorrida em 18 de Abri de 1963), proporciona
uma ocasião única para a concretização de um conjunto de actividades de
valorização e divulgação deste recurso patrimonial, a exemplo do que aliás
aconteceu já na passagem do 25º aniversário (1988) com a organização municipal
de um Colóquio Internacional sobre Arte Rupestre e a publicação das respectivas
actas na revista Almansor, nº 7, 1989.
A
comemoração condigna e socialmente útil daquela data poderá materializar-se em
três domínios de intervenção, nomeadamente:
A-
Promoção pela DRCALEN, enquanto entidade responsável pela conservação e gestão
da Gruta, das intervenções identificadas e projectadas pelos seus próprios
serviços, visando a melhoria geral das condições de conservação e visita da
Gruta do Escoural e da sua envolvente imediata (Monumento Nacional)
B-
Organização pela Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e pela DRCALEN,
eventualmente em colaboração com o Museu Nacional de Arqueologia e a
Universidade de Évora, de um II Colóquio
Internacional sobre Arte Rupestre a ter lugar na Primavera de 2013,
colóquio que para além de novos dados sobre a Gruta do Escoural (decorrentes de
projectos de investigação que entretanto se tentará promover…) será uma
oportunidade para fazer um balanço das extraordinárias descobertas realizadas
no último quarto de Século em Portugal e que incluem, entre outras, a Arte do
Côa e a Arte do Guadiana.
C-
Concretização e inauguração do projecto do ArqueoCENTRO RUPESTRE do Escoural,
até final de 2013 como marco fundamental da comemoração do cinquentenário da
descoberta da Gruta.
3. Da viabilidade e sustentabilidade
do ArqueoCENTRO RUPESTRE
A concretização das acções A e B acima identificadas
(Intervenções na Gruta e Organização do Colóquio Internacional), não levantam
questões complexas. As primeiras decorrem directamente das atribuições e
responsabilidades da DRCALEN e as segundas poderão resultar da conjugação de
interesses comuns e da articulação de esforços, entre a autarquia e a DRCALEN apenas
dependentes de uma decisão conjunta com esse propósito. Fica de qualquer modo
em aberto a questão do financiamento. No caso das melhorias a introduzir na
Gruta e respectiva envolvente, os custos estão estimados em cerca de 100 000€,
a co financiar pelo QRE. No caso dos estudos, preparativos e concretização do
congresso esse valor ronda igualmente, por estimativa grosseira, os 100 000€
(aquisições de serviços).
Será,
pois, no âmbito do projecto do ArqueoCENTRO, quer pelos elevados custos de
concretização quer, ainda, pela necessidade de garantir a sustentabilidade do
funcionamento futuro, que se colocarão naturais interrogações, a que só um
estudo de viabilidade económica poderá responder.
Nota: a
não concretização do projecto do ArqueoCENTRO não pode nem deve prejudicar as
intervenções de requalificação da Gruta e sua envolvente; do mesmo modo,
considerando o prazo alargado para a eventual abertura do ArqueoCENTRO, até lá
deverá continuar a assegurar-se, nas melhores condições possíveis, o
funcionamento do actual Centro Interpretativo.
3.1
ArqueoCENTRO_ estimativas de custos de construção, instalação e funcionamento;
CONSTRUÇÃO/INSTALAÇÃO
Na ausência de um
programa mais preciso e tendo como partida o cômputo de espaços necessários
(mínimos) acima apresentado e que aponta para uma área de construção (recuperação)
da ordem dos 750 m2, calcula-se o valor da obra, incluindo os projectos de
Arquitectura e especialidades, e os arranjos exteriores, na ordem dos 600 000
€. A este valor, no entanto, haverá que acrescer um valor semelhante para a
concepção, produção e montagem dos conteúdos (um valor, que no caso dos “Centros
de Ciência Viva”, normalmente equivale ou supera o valor da obra, dada a
tecnologia envolvida). Acresce ainda a instalação dos equipamentos da recepção,
cibercafé, ateliers…).
Projectos de
Arquitectura (e especialidades):……………….………………50 000 €
Obras (incluindo
arranjos exteriores)..........…………………….…………. 550 000 €
Concepção, produção e
montagem de conteúdos expositivos…………. 550 000 €
Equipamentos
(recepção, cibercafé, ateliers interiores/ exteriores)……. 100 000 €
TOTAL……….1 250 000 €
Os valores
apresentados, no que respeita à arquitectura são calculados com base no custo
de 750 €/m2 e os projectos de arquitectura, correspondem a cerca de 10% do
custo estimado da obra. O desenvolvimento do “programa” do edifício a construir
ou adaptar deverá apontar no sentido de uma possível redução de custo destas
parcelas partindo do princípio de que a sua principal componente (área
expositiva_ da ordem dos 500 m2) constituirá essencialmente num “grande
contentor”, que poderá jogar mesmo com a ausência de luz natural, simulando um
ambiente de caverna. A redução de custos construtivos permitirá maior folga
para a componente dos conteúdos de estimativa compreensivelmente mais fluida
nesta fase.
FUNCIONAMENTO
Necessidades de Pessoal
O ArqueoCENTRO
Rupestre, para funcionar, numa base semelhante aos Museus (encerrando um dia
por semana, mas abrindo aos fins de semana e na generalidade dos feriados),
precisará de um mínimo de 6 funcionários a tempo inteiro, com capacidades e
funcionalidades polivalentes, nomeadamente no âmbito da “animação cultural” mas
com formação específica nos domínios científicos abordados quer na exposição
quer nos “ateliers”. Num sistema rotativo 3 funcionários (o nº mínimo para o
ArqueoCENTRO funcionar e assegurar visitas acompanhadas à Gruta) deverão assegurar
funções de recepção e acompanhamento de visitas (Centro e Gruta). Durante a
semana a equipa deverá ser reforçada, para funcionamento dos Ateliers (mais 1
ou 2 elementos). O nº total de seis recepcionsistas/animadores tem já a folga
necessária para assegurar as férias ou as faltas por doença. O ArqueoCENTRO
deverá contar ainda com um responsável/director executivo, a tempo inteiro ou
parcial, técnico superior com formação na área, que assegure o funcionamento
normal e o cumprimento de objectivos e planos quer ao nível da gestão corrente
(incluindo a Gruta) quer no desenvolvimento de novos programas de divulgação e
animação que mantenham vivos os fluxos de visitantes. Outras necessidades de
pessoal (manutenção e limpeza) poderão ser resolvidas preferencialmente por
“outsorcing”. A segurança, dada a localização em área urbana, pode também ser
resolvida através de equipamentos de teledetecção (extensíveis à Gruta)
Outros
encargos permanentes e extraordinários:
Serão os ligados ao
funcionamento (energia e água), à manutenção, quer do ArqueoCENTRO (incluindo
os consumíveis necessários ao funcionamento dos Ateliers) quer da Gruta (limpeza
e manutenção dos espaços exteriores). Não se estima que estes encargos sejam
especialmente elevados, devendo o projecto de arquitectura, para além de
apontar para soluções com especial performance ambiental, enquadrar eventuais
soluções de energias alternativas (como já acontece hoje com a iluminação da
Gruta). Um encargo permanente algo significativo dirá respeito à necessidade de
deslocações frequentes entre o Centro e a Gruta por parte dos “animadores”, uma
vez que os visitantes se deverão deslocar pelos próprios meios. Tendo em conta
que se trata de uma deslocação de ida e volta de cerca de 5km, talvez fosse
possível inovar também neste campo, explorando uma solução economicamente
interessante e sobretudo ambientalmente mais amigável (uma viatura eléctrica,
por exemplo…).
Finalmente (e neste
capítulo haverá que não esquecer a necessidade de uma atenção permanente à divulgação
e ao “marketing”) haverá que prever a necessidade de, com alguma
regularidade, proceder à renovação quer dos meios expositivos quer das
actividades dos “ateliers” o que implicará alguns encargos extraordinários.
3.2.ArqueoCENTRO_
modelos de gestão e perspectivas de financiamento
- o “modelo organizativo”:
Considerando
que o ArqueoCENTRO Rupestre, uma vez instalado, constituirá no essencial uma
entidade prestadora de serviços públicos (ateliers didáticos e ocupacionais, organização
e acompanhamento de visitas à Gruta e, eventualmente, a outros sítios de
interesse patrimonial e ambiental), o respectivo modelo organizacional deverá
revestir um cariz de tipo empresarial,
visando garantir a respectiva sustentabilidade e, dentro do possível, a amortização
do capital investido. A participação maioritária da Câmara Municipal, deverá
aparecer, como garantia da prossecução dos objectivos sociais (apoio ao
desenvolvimento local e regional) e culturais do projecto (salvaguarda da Gruta
do Escoural enquanto Monumento Nacional).
Obviamente,
representando a articulação ArqueoCENTRO
Rupestre-Gruta do Escoural, o eixo fundamental do projecto e uma das
garantias da sua sustentabilidade, a Autarquia, previamente à constituição da
Entidade Empresarial proposta, terá de assumir ou garantir a responsabilidade
da gestão da Gruta, através de Contrato de Cessação a negociar coma DRCALEN, ou
outra figura jurídica, que fixe as respectivas regras.
-
“parceiros potenciais” de uma
entidade público-privada (Empresa) :
- o Município (sócio
maioritário)e Junta de Freguesia (?);
- uma
entidade privada (Empresa, Fundação,…) que garantisse o essencial das
contrapartidas financeiras indispensáveis à obtenção das necessárias comparticipações
(QREN?)
- uma
entidade privada (empresa de arqueologia e património), que deverá associar-se
como “parceiro”, ainda que minoritário, que acompanharia as componentes de
desenvolvimento dos estudos e projectos, execução da obra e instalação e, por
fim, asseguraria o funcionamento e a gestão.
-
“outros parceiros” intervenientes no processo:
- a Direcção Regional
de Cultura do Alentejo, enquanto entidade que concessionará e fiscalizará a
gestão da Gruta do Escoural;
- a Universidade de
Évora e outras instituições universitárias (apoio científico)
- o Museu
Arqueológico de Montemor-o-Novo (Associação Amigos de Montemor-o-Novo)
- “receitas”:
- o pagamento das
entradas no ArqueoCENTRO e na Gruta (todas as fórmulas serão possíveis, desde
que se parta do princípio que as entradas serão sempre pagas, mesmo nos casos
em que possam quase ser simbólicas…)
- as prestações de
serviços de “atelier” ou “actividades” e que nestes casos poderão incluir (ou
não) já o valor das entradas na Gruta
- o fornecimento de
serviços de “guia” para visitas a outros sítios ou monumentos;
- a venda de produtos
de “merchandising” próprio ou de terceiros à consignação (tudo o que se possa
imaginar sob o tema genérico da Pré-história, desde livros, filmes, jogos,
brinquedos, etc…)
3.3.Potenciais
fontes de Financiamento para o projecto e obra
(algumas
sugestões…)
QREN
PORA (Programa Operacional
Regional do Alentejo) 2007-2013
Eixo Prioritário III-
Conectividade e Articulação Territorial
(Área de Intervenção- Rede de equipamentos e
infra-estruturas para a coesão social e territorial)
Eixo
Prioritário IV- Qualificação Ambiental e valorização do espaço rural
(Área de Intervenção- valorização
económica do espaço rural)
POCI (Programa Operacional Ciência e
Inovação 2010)
Medida V.6- Promoção
e divulgação científica e tecnológica
Accão V.6.1.- Disseminação da inovação e do
conhecimento científico e tecnológico
Acção V.6.2. –
Produção de conteúdos para a promoção da cultura científica
PROVERE (Programas de Valorização
Económica de Produtos Endógenos)