quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A Ponte da Catribana

O facebook do "Portugal Romano" divulgou o link para a página da Câmara Municipal de Sintra, onde a notícia é dada. A "Ponte da Catribana" vai ser restaurada...
http://www.cm-sintra.pt/obras-de-conservacao-e-restauro-da-ponte-romana-de-catribana

Catribana, curioso nome e local onde não voltei desde que há 30 anos acompanhei no terreno a execução do primeiro número dos Roteiros da Arqueologia Portuguesa, dedicado à arqueologia de Lisboa e Arredores, mas de que vou tendo frequentes notícias "facebookianas", graças às deambulações do meu amigo de infância Vasco Pegado que por ali, entre o campo e as praias da Samarra ou do Magoito, vai gozando com os netos a merecida aposentação de muitas décadas de trabalho na Câmara de Lisboa.


E, esse foi o pretexto para aqui recordar esse projecto dos "Roteiros da Arqueologia Portuguesa", uma das iniciativas editoriais que promovi no âmbito do Departamento de Arqueologia do IPPC, neste caso virada para o público em geral e que complementavam a entretanto já desaparecida "Informação Arqueológica" (uma herança do Campo Arqueológico de Braga que produzira o nº1) e a série monográfica dos "Trabalhos de Arqueologia", actualmente "suspensa", mas a que se devem, graças ao novo fôlego introduzido pelo IPA, a edição de meia centenas de números, constituindo um acervo fundamental da arqueologia portuguesa da transição do Século.


O nº 1 dos "Roteiros", editado em 1986, abarcava os sítios e museus arqueológicos da "Grande Lisboa" (excluindo a margem Sul do Tejo) e procurava referenciar em particular os que eram acessíveis à visita de eventuais interessados e curiosos. independentemente do melhor ou pior estado de conservação ou "valorização" (como hoje se diz). Tinha preocupações práticas, introduzindo informações úteis, pensando já no seu potencial interesse turístico, pelo que incluía também a tradução para inglês e francês dos conteúdos. Trabalho de equipa, nele colaboraram a Ana Cristina Araújo, a Teresa Marques, a Susana Correia, o Fernando Lourenço e o Luis Pascoal, todos eles então ligados, de algum modo, ao Departamento de Arqueologia do IPPC. A fotografia deve-se a António Ventura, então a iniciar a sua carreira de fotógrafo de património, continuada mais tarde como professor no Politécnico de Tomar. As traduções foram asseguradas pela Margarida Salvador (inglês) e pela malograda Maria Luisa Blot (francês).

A carta dos sítios e museus referenciados. Três décadas depois seria um trabalho interessante, comparar a situação e identificar as "lacunas" resultantes do progresso da investigação ou do simples acaso.


Quase de seguida seria editado o nº 2 desta colecção, sobre as "Ruínas de Conimbriga", com textos da Dra Adília Alarcão, a directora dos Museu Monográfico e das Ruínas. Este, rapidamente esgotado dada a tradicional frequência de visitantes das ruínas, conheceu depois sucessivas e renovadas edições que pouco já tinham que ver com o "original" de 1986. Em 1990 e 1995, já a partir de Évora, promovi directamente a edição de mais dois números (3- Ruínas de Miróbriga, texto da Susana Correia e da Filomena Barata e 4- Gruta do Escoural, texto meu e da Ana C.Araújo). A colecção seria retomada mais tarde, ainda com o mesmo formato mas renovada graficamente, pelo IPPAR no âmbito do programa dos Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve, financiado pelo Fundo de Turismo: nº5-S.Cucufate (1998); nº 6- Antas de Elvas (2000); nº 7 Miróbriga (2001), com novos textos; nº8 Castro da Cola (2002) e nº9 - Ruínas de Milreu (2002).

A colecção está parada desde então e apesar de não ter sido passada a respectiva certidão de óbito, é de crer que esteja definitivamente encerrada. Ficam estas memórias e muitos exemplares espalhados pelas bibliotecas do país.

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