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sexta-feira, 6 de maio de 2016


 “The Évora area is one of the major archaeological region of Portugal. It is particularly well Known for its great concentrations of chambered tombs, which make it one of the most important megalithic areas in Europe (…) Anta Grande do Zambujeiro, the greatest chambered tomb of Portugal, has a scale sufficient to rank with the mightiest of Europe” (Colin Burgess, 1987)


Amanhã, dia 7 de Maio de 2016 acontecem as Jornadas do Património providas pela C.M. de Montemor-o-Novo, com o tema ‘O Megalistismo em Montemor-o-Novo’, no Auditório da União de Freguesias da Vila, Bispo e Silveiras.  Representando a Direção Regional de Cultura,  em conjunto com uma pequena equipa de colegas ligados às autarquias de Montemor e Évora, iremos apresentar um projecto ainda em curso, no domínio da “realidade virtual” que intitulámos ANTA GRANDE (literalmente, Anta Grande ao Quadrado). Trata-se de uma acção minimalista, antes de mais por forçada economia de meios, tendo como sujeito as Antas Grandes do Zambujeiro e da Comenda da Igreja, assunto não ausente de alguns riscos de incompreensão social.  Com efeito abordar “virtualmente” dois monumentos de primeira grandeza que apresentam tantos e tão graves problemas “reais” (em particular a A.G. do Zambujeiro), não será malbaratar os esforços tão necessários para promover a sua efectiva e urgente preservação e reabilitação "real"?

Não temos uma resposta linear para esta questão pertinente que obviamente nos preocupa a todos enquanto arqueólogos e técnicos do património. Temos no entanto plena consciência de que, enquanto não acordarmos a comunidade (aos seus vários níveis, começando pela comunidade local) para a importância verdadeiramente excepcional deste património único, talvez das maiores e mais originais contribuições da arqueologia portuguesa para a arqueologia mundial (como comprova o recente e cada vez mais amplo interesse pelos Almendres, por exemplo), não conseguiremos mobilizar os enormes recursos (de retorno difícil e a muito longo prazo) que a recuperação e valorização destes monumentos, em particular a gigantesca Anta Grande do Zambujeiro, implicará. 

De facto os novos levantamentos tridimensionais agora ensaiados e cujos resultados preliminares iremos apresentar amanhã, são apenas mais um pequeno degrau (“virtual”) de uma longa “via sacra” de alertas e chamadas de atenção que há já várias décadas tem vindo a ser percorrida sem que ainda se antevejam perspectivas (“reais”).

Dada a oportunidade, aqui ficam alguns registos gráficos, alguns com quase meio século, da monumental Anta Grande do Zambujeiro, verdadeira catedral do megalitismo nacional.  Ao contrário da melhor preservada Anta Grande da Comenda da Igreja,  a amplitude das escavações efectuadas nos anos 60 no Zambujeiro, acabaram por ter efeitos muito negativos expondo a sua complexa mas frágil estrutura à erosão natural e à crescente carga turística.
Corredor da AGZ, em foto publicada em 1974 na revista francesa "Dossiers de l'Archéologie".

AGZ- Vista geral publicada em 1974 na revista francesa "Dossiers de l'Archéologie"
O corredor da AGZ, em foto de CTSilva e JSoares-  anos 70 do Século XX
Anta Grande do Zambujeiro- Foto Levantamento Estereofoto (1983)



Imagem de Vitor Oliveira Jorge publicada em 1985 na versão inglesa da obra de Roger Joussaume "Dolmens for the Dead- Megailth Building throughout the World""

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

ANTA GRANDE 2

Anta Grande da Comeda da Igreja (Fev. 2016)

Há muito que o “megalitismo alentejano” está identificado como um recurso patrimonial de enorme potencial turístico-cultural mas, infelizmente, condicionantes complexas têm impedido que essa potencialidade dê frutos visíveis. Apenas  algumas dessas condicionantes: a sua dispersão no território, quase sempre em propriedades privadas, hoje cada vez mais inacessíveis face aos novos modelos de exploração agrária; a falta  de uma estratégia pública de valorização arqueológica desse mesmo património, mesmo dos monumentos mais imponentes e significativos (em parte resultado da situação anterior); e por fim a falta de articulação entre as múltiplas entidades interessadas na valorização desse património (Direcções Regionais, entidades turísticas e autarquias). Veja-se como exemplo a anunciada inauguração de um “centro de interpretação do megalitismo” em Mora, certamente uma aposta justificada pela respectiva autarquia, como complemento da oferta já proporcionada pelo vizinho “Fluviário” mas que, quer na sua concepção quer na sua localização, resultou de uma iniciativa local dificilmente enquadrável numa estratégia geral de valorização do megalitismo no Alentejo Central. Daí que se saúde como bem vinda, a experiencia piloto recentemente promovida entre as Câmaras de Évora e Montemor-o-Novo, visando precisamente a chamada de atenção para o importante megalitismo comum. Ainda que a título de experiencia, técnicos ao serviço de ambas as autarquias estão a executar um levantamento tridimensional das duas maiores antes do Alentejo (Anta Grande do Zambujeiro e Anta Grande da Comenda da Igreja) com vista à sua disponibilização através de recursos virtuais (Projecto ANTA GRANDE2 -Anta Grande ao Quadrado ). Na falta de meios ou de condições (até jurídico-administrativas) para as intervenções físicas e concretas cada vez mais urgentes e necessárias, a “realidade virtual” terá pelo menos o mérito de ir chamando a atenção para este património único, ainda que com “sortes” diversas. De facto a situação da Anta da Comenda, ao contrário do que se passa com a do Zambujeiro, é em vários aspectos, incomparavelmente melhor. Quer na conservação geral, quer no enquadramento paisagístico. Já o acesso é mais difícil.




Recolha de imagens para o levantamento tridimensional, hoje relativamente facilitado por programas informáticos adequados

A Anta Grande do Zambujeiro, mo início dos anos 80, pouco antes da instalação da inestética mas ainda hoje necessária "cobertura provisória"! Foto do levantamento estereofotogramétrico então produzido pela ESTEREOFOTO para o Serviço Regional de Arqueologia do Sul


Resultado gráfico do levanatemento estereofotogramétrico dos anos 80. A anta vista do enfiamento do corredor.