sábado, 31 de março de 2018

Anta Grande do Zambujeiro e os "turistas" indesejados


A gigantesca mamôa da Anta Grande do Zambujeiro, vista de Norte


Ao contrário do que está a acontecer esta semana nos Almendres, onde a afluência de turistas não para de aumentar, a Anta Grande do Zambujeiro parece cada vez mais arredada do circuito das visitas campestres dos muitos milhares de visitantes da cidade de Évora. Pode parecer estranho que o maior "dolmen" ibérico, pelo menos com as características da AGZ, não atraia mais visitantes mas há vários factores que podem explicar essa situação. Desde logo a sua dramática situação no que respeita ao seu estado de conservação. Aliás, colegas que hoje vivem do acompanhamento turístico em Évora, confessam que, para evitar vergonhas, evitam já levar turistas à AG, pois não conseguem explicar aos atónitos visitantes como é que num país civilizado, europeu e ocidental, se mantém um monumento (nacional?) desta antiguidade e grandeza, no estado em que se encontra. Por outro lado, os acessos também deixam bastante a desejar. O estradão que atravessa a Herdade da Mitra (Universidade de Évora) precisava de ser melhorado para facilitar a passagem das viaturas até ao parque de estacionamento improvisado junto à Ribeira da Peramanca. E depois, a ponte pedonal instalada pela Câmara Municipal há um quarto de século, necessita manutenção urgente, antes que haja algum acidente.

A ponte pedonal de acesso à AGZ, a necessitar urgente reparação.


Mas não era sobre esta lamentável situação (a que já me referi várias vezes neste blog ver aqui
e também aqui  ) que hoje queria falar, embora no fundo tudo vá levar ao mesmo problema. É que em recente passeio, verifiquei que a velha vedação (instalada pelo Serviço Regional de Arqueologia do Sul ainda no tempo do Dr. Caetano Melo Beirão, portanto há mais de 3 décadas, na mesma época da instalação da "cobertura provisória"....) está  destruída em vários locais, permitindo assim o acesso de "turistas" indesejados, no caso, as vacas que pastam pachorrentamente na Herdade vizinha. Para além do perigo que tal facto pode representar para os próprios animais (à atenção do PAN...), o pisoteio das estruturas megalíticas já de si tão periclitantes, vem agravar ainda mais a já dramática situação do monumento. 


Vestígios da presença de gado no interior do corredor da AGZ e no topo da "mamôa", junto à "câmara funerária". De notar a intensa erosão provocada pelo acesso não controlado dos visitantes.

A Junta de Freguesia da Tourega e Guadalupe, não deixará de informar (mais uma vez...) as entidades competentes (DRCA e CME) mas, consciente de que a resposta seja um já crónico lamento sobre a "falta de meios", não deixará de tomar as medidas que estejam ao seu alcance: comprar o material necessário e proceder, com os seus recursos humanos, à reparação urgente da vedação. Depois logo se verá a quem mandar a respectiva "factura".


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